Cebraspo: ‘Abaixo as operações policiais nas favelas’

Cebraspo: ‘Abaixo as operações policiais nas favelas’

Reproduzimos nota do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) sobre as recentes e cruéis operações policiais que aconteceram no Estado do Rio de Janeiro durante a pandemia do Coronavírus.

Moradores do Complexo do Alemão transportam corpos após operação policial, no Rio de Janeiro — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

ABAIXO AS OPERAÇÕES POLICIAIS NAS FAVELAS!

NÃO ESTÃO TODOS NO MESMO BARCO! AOS RICOS A GARANTIA DA VIDA, AOS POBRES O VÍRUS, A FOME, E AS BALAS DE FUZIL!

Os seguidos assassinatos de quatro jovens filhos do povo trabalhador e as 12 mortes em decorrência de uma chacina no complexo do Alemão desmascaram toda a verborragia humanista e em defesa da vida dos governos de turno e evidencia a continuidade da política de extermínio contra o povo pobre e trabalhador, tendo como alvos principalmente a juventude negra,  do velho Estado brasileiro.

No contexto de grande mobilização das massas, da cidade e do campo, para a prevenção do contágio do Coronavírus, alcançada por meio de suas redes de solidariedade, moradores de diversas favelas do Rio de Janeiro foram alvos, mais uma vez, da sanha assassina dos agentes da repressão do estado. Somente nesta semana (de 17 a 22 de maio), no complexo do Salgueiro, no município de São Gonçalo, agentes da polícia federal e civil metralharam e lançaram granadas contra uma residência onde jovens estavam reunidos. Na casa foram encontradas 72 marcas de tiros. João Pedro Mattos, de apenas 14 anos, veio a falecer por conta da ação de guerra das tropas policiais. Na favela de Acari Iago César dos Reis de 21 anos foi executado com requintes de crueldade, tendo sido vítima de torturas. Na Cidade de Deus, durante a distribuição de cestas básicas, outra operação da polícia militar tirou a vida de João Vitor Gomes de 18 anos. E no Morro da Providência, favela da região central do Rio de Janeiro, Rodrigo Cerqueira de 19 anos foi baleado enquanto trabalhava. O jovem era aluno do Pré Vestibular  Machado de Assis, e durante seu assassinato ativistas do pré vestibular comunitário estavam distribuindo cestas básicas na localidade. Soma-se a esses assassinatos a chacina ocorrida no dia 15 de maio no Complexo do Alemão, em operação do BOPE, 12 pessoas foram assassinadas com sinais de torturas e facadas. Não contentes com tamanha brutalidade, os policiais negaram assistência aos que ainda estavam vivos. Aos moradores e familiares restaram carregar os corpos para parte baixa da favela.

A chacina e os consecutivos assassinatos dos jovens é o recado que os governos de Bolsonaro/Generais e Witzel dão aos moradores das favelas: A GUERRA CONTRA O POVO CONTINUA!

As classes dominantes impõem ao povo pobre a morte. Seja pelo vírus e a fome, seja por suas forças policiais.

As massas pobres do país estão à mercê da fome, do desemprego, da morte em função das décadas de sucateamento do sistema público de saúde, humilhadas nas filas da Caixa Econômica. Apesar de todas essas políticas criminosas dos governantes de todas as esferas, federal, estadual e municipal, em conluio com o judiciário e o legislativo, o povo trabalhador da cidade e do campo resiste das formas mais diversas, lutando para conseguir os itens básicos para prevenção do vírus, organizando comitês de solidariedade para garantir alimentação, produtos de higiene, e seus direitos mais elementares de sobrevivência. Enquanto isso, este velho Estado brasileiro, lacaio da grande burguesia e do latifúndio, não mede esforços para mostrar seu desprezo pelo povo, e, nesse caso, da forma mais odiosa e covarde, ceifando a vida das pessoas em forma de chacina.

Tanto o governo de Bolsonaro/Generais quanto Witzel aprofundam as políticas genocidas dos governos anteriores, conduzindo o extermínio dos pobres, principalmente negros, com a desculpa do combate ao tráfico de drogas. Tal política foi mantida e aprofundada pelos anos de gerenciamento petista, a exemplo da ocupação criminosa do Haiti, do complexo de favelas do Alemão e da Maré, e apoio político e financeiro às UPPs no Rio de Janeiro. A política de guerra ao povo tem matado milhares de pessoas no país, sem qualquer impacto significativo nas atividades ilícitas, que manipulam muito dinheiro e envolvem gente “de bem” de todas as esferas dos poderes, deputados, senadores, latifundiários, banqueiros. São décadas de defesa de policiais assassinos, da política de extermínio e do encarceramento em massa contra os pobres.

Os gerentes de turno do velho Estado e seus emissários, com a Rede Globo à frente, ao mesmo tempo, não investem em testes, leitos, hospitais de campanha e exigem que o povo das favelas fique em casa. Desprezam todas as dificuldades que a vida nesse sistema capitalista impõe, como a habitação em ambientes insalubres, falta de saneamento básico, falta de espaço para todos viveram harmonicamente, escassez de comida na dispensa, falta de renda. Além da ameaça de contaminação com o vírus, os moradores das favelas ainda convivem com a possibilidade de serem alvo dos tiros de fuzil da PM, ou mesmo serem torturadas e espancadas em suas próprias casas por esses agentes do Estado.

Os últimos assassinatos de jovens em decorrência das diárias operações policiais e a chacina no Complexo do Alemão demonstram que as reivindicações que pautam a prevenção ao vírus e defendem políticas em defesa da saúde pública devem estar atreladas ao repúdio à política genocida do velho Estado e ao direito de o povo viver. Exigir o fim das operações policiai tem que fazer parte das campanhas em defesa dos direitos do povo. É necessário que os movimentos democratas, progressistas, intelectuais honestos, artistas e todas as organizações de defesa dos direitos do povo mobilizem-se para que as operações policiais não ocorram mais em favelas e periferias do país, e não somente para que aconteçam sob determinadas regras (como restritas a uma janela de horários, ou acompanhada de ambulâncias). O povo tem demonstrado que somente a sua organização é capaz de prevenir a contaminação pelo Coronavírus, são seus comitês que estão garantindo alimentos e os itens básicos para sobrevivência.  Defender seus direitos de organização e mobilização passa por impedir que forças policiais continuem deixando seu rastro de sangue e dor por favelas e periferias do país, ceifando a vida de jovens, principalmente negros, filhos e filhas do povo trabalhador.

PELO FIM DA POLÍTICA DE EXTERMÍNIO DO POVO DAS FAVELAS

ABAIXO O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE POBRE E NEGRA

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