Faixa confeccionada pelos manifestantes no ato do dia 11 de abril. Foto: Cebraspo
No último dia 11 de abril, no Centro do Rio de Janeiro, um grupo com cerca de 40 manifestantes realizou um ato em repúdio ao covarde assassinato do músico Evaldo Rosa durante a ação de genocídio do Exército em Guadalupe, em 07/04, ocasião em que militares dispararam 80 vezes contra o carro em que Evaldo levava sua família para um chá de bebê.
Os ativistas se reuniram por volta das 18h e seguiram em marcha da entrada da Escola de Formação de Professores Paulo Freire, próxima ao Comando Militar do Leste (CML), em direção a estação Central do Brasil.
Puxando palavras de ordem de denúncia e rechaço ao Exército genocida e à violência policial, os manifestantes denunciaram o velho Estado de grandes burgueses e latifundiários como um Estado assassino que é especializado em matar trabalhadores pobres. O manifestantes marcharam em frente ao Palácio Duque de Caxias (CML), onde pararam para expressar seu ódio de classe e total repúdio ao crime cometido pelas Forças Armadas.
O ato seguiu até a Central do Brasil, onde recebeu apoio quase que unânime dos populares que retornavam dos seus trabalhos, dos camelôs e demais transeuntes. Os manifestante adentram a estação e lá permaneceram até cerca de 20h, quando diminuiu a circulação de pessoas.
O Cebraspo esteve presente no ato e distribuiu cerca de 100 panfletos que denunciavam o crime cometido contra o povo, o caráter reacionário do velho Estado brasileiro e de seu aparato de repressão assassino.
A nota do Cebraspo
O panfleto distribuído pelo Cebraspo era intitulado ‘Nota de repúdio ao fuzilamento do músico Evaldo dos Santos Rosa por soldados do Exército brasileiro em Guadalupe – RJ‘. Destacamos aqui alguns trechos da nota:
“Nenhuma autoridade federal nem estadual se solidarizou ou pediu desculpas à família, escancarando, mais uma vez, o papel das Forças Armadas reacionárias: reprimir os pobres e defender esta velha ordem protegida a ferro e fogo pelo velho Estado burguês-latifundiário brasileiro.
Seria muito fácil se referir ao acontecimento como fatalidade, tal qual o fez o Ministro da Justiça Sérgio Moro, dizendo que ‘essas coisas podem acontecer’, ou como ‘fato isolado’ e ‘acidente’, como disse o Ministro da Defesa, afinal, é mais fácil atribuir a erro dos soldados a fuzilaria de uma família com crianças no carro, e dar, inclusive, uma penalidade somente a eles.
Entretanto, esses soldados não fariam o que fizeram, dar 80 tiros sem resistência por parte dos ocupantes do carro, se não estivessem incentivados pelos chefes a fazê-lo e se não tivessem certeza da sua boa vontade e impunidade, ao ponto de agir com deboche perante a dor da família que mostrou a presença de crianças no carro.
Tanto o governo Bolsonaro, quanto Witzel, aprofundam as políticas genocidas dos governos anteriores, conduzindo ao extermínio dos pobres, principalmente negros, com a desculpa do combate ao tráfico de drogas. Política essa que já tem matado milhares de pessoas no país, sem qualquer impacto significativo nas atividades ilícitas, que manipulam muito dinheiro e envolvem gente ‘de bem’ de todas as esferas dos poderes, senadores, latifundiários, banqueiros.
Uma só investigação persistente, a do assassinato brutal da vereadora Marielle Franco, apreendeu mais armas do que as operações que a PM e o Exército fazem nas favelas, 117 fuzis foram encontrados em aparelhos de milicianos, sem matar ou ferir uma só pessoa.
Em 2018, no Rio de Janeiro sob intervenção militar, foram oficialmente registradas 1.532 mortes cometidas por policiais, sem mencionar os desaparecimentos forçados, somente nesse início de ano, no mês de janeiro, foram mais de 170 mortos. Essa é a política de massacre e extermínio que o Estado oferece ao povo. Toda solidariedade a Luciana Nogueira e sua família!”