Cebraspo: ‘Exército paraguaio assassina duas crianças de 11 anos’

Cebraspo: ‘Exército paraguaio assassina duas crianças de 11 anos’

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – CEBRASPO e a Associação Brasileira dos Advogados do Povo “Gabriel Pimenta” – ABRAPO vêm denunciar um grave crime cometido pela Força-Tarefa Conjunta encabeçada pelo Exército Paraguaio e integrada também pela Polícia Nacional do Paraguai e por agentes “antidrogas”, ocorrido na última quinta-feira, 03 de setembro de 2020.

Um contingente numeroso do Exército e Forças de tarefas Conjuntas atacaram um suposto acampamento guerrilheiro do Exército do Povo Paraguaio (Ejército del Pueblo Paraguayo/EPP) no Norte deste país (cidade de Ybi Yau). No entanto, as vítimas do ataque a este lugar foram duas crianças de 11 anos, uma delas filha da drª Miriam Villalba, advogada de membros do EPP.

O Presidente da República, Mario Abdo Benítez, para encobrir o tenebroso crime perpetrado mandou vestir as crianças, que não possuíam condições físicas de segurar um fuzil, com uniforme de campanha e divulgou fotos como se fossem perigosas terroristas. Mais, mandou enterrá-las em um lugar desconhecido alegando prevenção contra o COVID-19. Que conhecimento tinha das crianças para afirmar serem portadoras dessa doença? Evidentemente, essa conduta se destina a ocultar provas presentes nos corpos das meninas assassinadas e impedir que seus túmulos mantenham viva a lembrança do crime e atraiam homenagens do povo.

As crianças, Lilian Villalba e Maria del Carmen Villalba são argentinas e estavam no lugar visitando pais e tios que, por contingencia da vida, são militantes do EPP. São sobrinhas de Carmen Villalba, presa política, que também teve seu filho de 13 assassinado há 10 anos atrás pelas Forças de Segurança paraguaias. Acaso filhos e parentes de militantes políticos não tem o direito de visitar seus entes familiares?

Há tempos se desenvolve uma luta dura no Paraguai em que o campesinato se levanta em algumas regiões em defesa de suas terras e seus direitos pisoteados pelo velho Estado. O EPP tem existência que se remota a 2008.

As crianças nasceram e viviam em Missiones (Argentina) onde há vários anos permanecem 10 filhos de camponeses paraguaios e familiares de Carmen Villalba, pois o genocida exército paraguaio não hesita em assassinar crianças para tentar abafar em sangue a luta do seu povo.

Esse crime aberrante viola o direito internacional humanitário e o dever imposto pelos arts. 38 e 39 da Convenção Sobre os Direitos da Criança. Repete o modus operandi da ditadura Stroessner e das forças de agressão brasileiras e argentinas que destruíram o Paraguai na guerra de 1864-70. E denota também a incorporação, pelos Estados e suas forças regulares, de métodos mafiosos como atacar não diretamente quem os enfrenta com o risco consciente da própria vida, mas seus entes queridos indefesos e alheios ao conflito. O atual Estado paraguaio, erguido sobre os escombros do país livre e digno do pré-guerra e depois reduzido pelo stroessnerismo a uma confederação de máfias dedicadas a todo tipo de atividade criminosa, é uma síntese de tudo isso. Vejamos como se comportará o Estado argentino, ao qual cabe zelar por suas pequenas cidadãs e exigir que sejam responsabilizados por esse crime contra elas o Paraguai, perante os foros internacionais, e os autores pessoas físicas, perante a jurisdição paraguaia.

Juntamo-nos à justa indignação dos familiares e do povo paraguaio com esse hediondo crime e exigimos que o Governo Paraguaio, como é solicitado pelos advogados dos familiares, entreguem os corpos das crianças à Argentina para que tenham a possibilidade de uma autópsia isenta e possam ser enterrados com dignidade.

JUSTIÇA PARA LILIAN E MARIA DEL CARMEN VILLALBA, CRIANÇAS QUE FORAM MARTIRIZADAS PELO CRIMINOSO EXÉRCITO PARAGUAIO

EXIGIMOS PROTEÇÃO A INTEGRIDADE DAS CRIANÇAS E FAMILIARES RESGUARDADAS EM MISSÕES CONTRA QUALQUER AÇÃO COVARDE DO GENOCIDA EXÉRCITO PARAGUAIO

TODA SOLIDARIEDADE AOS CAMPONESES PARAGUAIOS

 

CENTRO BRASILEIRO DE SOLIDARIEDADE AOS POVOS – CEBRASPO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ADVOGADOS DO POVO – ABRAPO

Brasil, 04 de setembro de 2020

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