No começo do mês de abril, a Companhia Estadual de Água e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) abriu um processo de licitação para contratar por até R$ 1,7 milhão uma empresa especializada na prestação de serviços de locação de veículos de representação com blindagem.
O valor estimado foi colocado sob sigilo na publicação do Diário Oficial. Acessando o processo, é possível observar que o valor chega a precisamente R$ 1.776.549,60 para a contratação de cinco SUVs blindados.
A justificativa da licitação é a de que “a complexidade das ações das Diretorias da CEDAE, aliada à necessidade de medidas repressivas enérgicas para proteger os interesses da empresa, expõe os diretores a riscos à integridade física”. O texto prossegue dizendo que “a grave insegurança pública no Estado do Rio de Janeiro amplia esses riscos” e que “diante disso, justifica-se a contratação de serviços contínuos de locação de veículos blindados para garantir a segurança dos diretores”.
A diretoria não menciona se o valor será revertido em aumento da conta de água e de outros serviços ou mesmo por que o valor foi colocado sob sigilo.
O caso é mais um gasto injustificado da Cedae que ocorre às custas do encarecimento e da precarização dos serviços ofertados ao povo. Em 2021, a Cedae leiloou a concessão dos serviços de distribuição, coleta e tratamento de esgoto, tendo como consequências dessas negociações um forte declive na qualidade dos serviços e também em sua distribuição. A privatização da Cedae foi respondida com grandes protestos populares à época.
No final de 2024, o governo estadual anunciou que contrataria uma instituição financeira que auxiliaria na estruturação e execução do processo de abertura de capital da CEDAE. Nessa mesma época, novas manifestações contra a falta d’água ocorreram no RJ. Em um deles, o povo chegou a atear fogo num veículo da concessionária da Águas do Rio.
