No dia 24 de abril, como atividade da greve dos servidores federais e técnicos-administrativos, o Coletivo Estudantil Filhos do Povo – CEFP, realizou o Curso de Formação Política “Universidade, Soberania Nacional e Revolução”, através da obra “Questão Universitária”, de autoria do filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto, publicada em 1962. O evento também serviu de crítica ao golpe contrarrevolucionário preventivo de 1964, que faz 60 anos, uma vez que Álvaro foi uma das primeiras figuras exiladas do país após o golpe e sofreu uma verdadeira “Operação Borracha” em sua obra.
Álvaro foi um grande intelectual, formado em medicina, que produziu extensivamente acerca de temas da filosofia e da pesquisa científica. Analisando a situação de sua época à luz do materialismo dialético, escreveu “Questão Universitária” também como proposição de programa político para ofertar à União Nacional dos Estudantes, num período que compreendeu desenvolver uma situação pré-revolucionária.
O debate situou historicamente as Universidades no Brasil, demonstrando o papel que cumpre como produto da luta de classes em nosso país. Também explicitou como a influência da dominação imperialista no ensino superior o mantém alienado das demandas fundamentais do povo brasileiro; e como este encontra sua expressão na vanguarda do movimento estudantil nas Universidades. A exposição demonstrou também a compreensão de Álvaro acerca da capacidade de articulação do movimento estudantil com as massas populares, sendo a reforma universitária parte do processo do desenvolvimento das lutas do povo brasileiro, não apenas dos estudantes da Universidade.
Participaram do Curso de Formação cerca de 40 estudantes, que, de interagiram de maneira ativa, buscando entender a profundidade da obra. Um aluno do curso de Artes Visuais, ao comentar sobre uma citação referente à questão da cultura, afirmou: “aqui na Universidade enxergamos o povo como uma massa distante, quando na verdade ela deveria pertencer ao povo.”
Ao fim, uma professora universitária, especialista na história da luta pela educação pública nos períodos de golpe militar e redemocratização, que acompanhou todo o debate se colocou: “Há tempos não vejo em nossa Universidade um debate tão qualificado e tão emocionante como esse.”