Chile: Mapuche se rebelam durante chegada do ministro do Interior em Araucanía; militarização recrudesce

Chile: Mapuche se rebelam durante chegada do ministro do Interior em Araucanía; militarização recrudesce


Mapuche empurram barricadas colocadas pela polícia. Foto: Reprodução.

No dia 31 de julho na cidade de Temuco, em rebelião pela liberdade dos Presos Políticos Mapuche e contra o genocídio e roubo de terras do seu povo, cerca de 150  manifestantes mapuche tentaram invadir a Intendencia de La Araucanía, enquanto o novo ministro do Interior do Chile, Victor Pérez, estava no local. As Forças Especiais de Carabineros tentaram dispersar o protesto com caminhões lança-água e bombas de gás, três manifestantes foram presos.

O ministro, que se encontrava no local junto do subsecretário de pasta para realizar uma reunião com as “autoridades” regionais, afirmou, naquele mesmo dia, que “no Chile não existem presos políticos”. Os protestos aconteceram em torno do centro da cidade, a poucos metros da prefeitura. 

Veja o vídeo do protesto combativo aqui:

Militarização recrudesce em território Mapuche

Tudo isso se dá num momento de constantes mobilizações que vêm ocorrendo na região da Araucanía, devido à luta que o povo mapuche trava pela libertação de seus presos políticos, cuja condição de prisões políticas Pérez negou descaradamente em Temuco, o epicentro das manifestações.

De acordo com denúncias dos povos, o governo está aproveitando a crise econômica, sanitária e social para continuar fortalecendo as leis repressivas, como a militarização e o aumento dos contingentes militares nas regiões de Biobío a La Araucanía, nas áreas de Arauco e Malleco. 

Nessas áreas, de intenso conflito entre o povo Mapuche e latifundiários pelo seu direito à terra, estão presos diversos lutadores, como na prisão de Temuco, onde Machi Celestino Cordova se encontra encarcerado e em greve de fome por mais de 2 meses (exigindo prisão domiciliar durante a pandemia da Covid-19), após ter sido preso em 2013 sob a “lei antiterrorista” por alegadamente assassinar um casal de latifundiários. Também, foram dezenas os assassinatos de camponeses mapuche em tais regiões nos últimos anos, como os de Alex Lemún (2002), Johnny Cariqueo (2008), José Huenante (2005) e Camilo Catrillanca (2018), que foi covardemente assassinado por trás por um tiro na cabeça pelo sargento Carlos Alarcón, que até hoje está em total impunidade, dentre diversos outros assassinatos do povo Mapuche.

Diante disso, o ministro da Defesa Alberto Espina anunciou no final do mês de junho que a presença militar no país e especialmente nas regiões descritas acima seria aumentada. A decisão do governo é tomada sob o pretexto de combater as últimas ações pela liberdade dos presos políticos Mapuche, que deixaram vários caminhões queimados, bem como antenas de telefone celular derrubadas, entre outros. Espina indicou que há militarização e que “as Forças Armadas vão aumentar seu pessoal e seus meios militares para controlar e prevenir estes ataques”.

Além disso, ambos os ministros, da Defesa e do Interior (antecessor do atual), viajaram durante a última semana de junho para as regiões sul do país e se reuniram com chefes militares e prefeitos de Biobio e Araucania. Por sua vez, organizações como a Multigremial, assim como associações de grandes empresários e madeireiras apoiaram o reforço militar na área. O reforço do contingente começou no domingo, 21 de junho.

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