Trabalhadores se organizam em Arauco para exigir a paralisação de sua fábrica durante o surto do coronavírus.
Nos dias 18 e 19 de março, operários e encarcerados protestaram contra a negligência da empresa para a qual trabalham e do governo chileno. Ambos os protestos, sem ligação entre si, exigem melhores condições para que as pessoas não contraiam o coronavírus.
O primeiro protesto, dos operários, iniciou-se na manhã do dia 18 de março. Os trabalhadores do projeto Arauco Celulose tomaram a Rota 160, próximo à cidade de Arauco, exigindo que a empresa os liberassem para suas casas em meio à crise sanitária.
Os trabalhadores exigiam voltar a suas casas para que pudessem ficar de quarentena, enfrentando a negligência dos grandes burgueses. Eles apontam o possível foco de propagação da doença que é o local, e que, segundo dados da empresa, o projeto reúne mais de 4 mil trabalhadores, que vêm de várias regiões do país.
Durante o bloqueio da rota, alguns trabalhadores comentaram: “Milhares de pessoas de várias regiões trabalham lá, e é preocupante a questão de que milhares de pessoas podem ser infectadas e infectar famílias”. “Não vamos poder ir ao hospital, porque eles vão ficar superlotados”, exclamou um operário.
Dois dias após o protesto, no dia 21, dada a combatividade da luta das massas, a empresa permitiu que os trabalhadores paralisassem por duas semanas.
Presos em luta por dignidade
No dia 19 de março, encarcerados do presídio Santiago 1 desencadearam motins e protestos contra a ameaça do Covid-19 à sua segurança e saúde. Seus familiares, que também protestaram fora do presídio, também foram brutalmente reprimidos.
Depois do meio dia de 19/03, foi registrado uma tentativa de fuga de prisioneiros na prisão Santiago 1, que logo após levou a um motim, com os presos provocando focos de incêndio pelo presídio. O protesto dos presos pela sua segurança diante da epidemia do Covid-19, em instalações penitenciárias insalubres e com quase nenhuma assistência médica, foi brutalmente reprimido pela guarda penitenciária e pelos carabineros.
Familiares de presos são reprimidos com gás lacrimogêneo e canhões de água, enquanto protestavam pela segurança e saúde dos encarcerados. Foto: Frente Fotográfico
Os familiares dos presos, que se encontravam no lado de fora do presídio e também protestavam pela segurança dos internos, foram reprimidos com bombas de gás e canhões de água.
A organização de redes de apoio e famílias de presos políticos lembrou em uma declaração após o ocorrido que “atualmente, temos mais de 2,5 mil presos políticos, a maioria estudantes universitários, trabalhadores e sem antecedentes”, enfatizando que “hoje eles estão presos sob várias leis repressivas do Estado, onde seus direitos são violados”. E conclui: “Foram condenados à prisão preventiva como forma de intimidar e punir aqueles que ainda estão nas ruas e expressar o seu descontentamento social”.