Com informações do jornal El Pueblo
Uma histórica greve foi deflagrada na companhia de gás chilena Gasco GLP, com a adesão de 97% dos operários, no Chile. A greve, iniciada no dia 7 de dezembro, é a primeira ocorrida na companhia em 161 anos de existência.
A greve foi deflagrada após um mês de negociações infrutíferas. O estopim foi uma irrisória proposta de reajuste salarial da companhia, em 0,7%. O rechaço dos trabalhadores a esta primeira oferta foi contundente: o início da greve.
A histórica adesão de mais de 97% dos trabalhadores, homens e mulheres, é também outro fato que dá peso a esta luta das massas operárias.
Em retaliação, ao menos 30 trabalhadores foram demitidos pela empresa no mesmo dia em que foi apresentada a proposta de reajuste em 0,7%, numa clara tentativa de pressionar os operários a aceitá-la.
Segundo o sindicato, a demissão foi, além de tudo, sorrateira. Segundo aponta, o setor de Recursos Humanos de uma das repartições da empresa enganou os funcionários, levando-os a uma suposta “reunião de trabalho”, mas, chegando lá, foram notificados das demissões.
Os operários, a maioria com mais de cinco anos de empresa, apontam que houve “abuso de poder e atropelo da dignidade e respeito”. Uma das operárias afirmou que se sentiu como “um grupo de cordeiros a caminho do matadouro”.
“Se a empresa quer nos meter medo com as demissões dos companheiros, então o tiro saiu pela culatra. Agora conhecemos melhor com qual tipo de gente estamos tratando.”, declarou um operário com mais de 10 anos na empresa, segundo o portal Resumen Latinoamericano.
Monopólio insaciável
A companhia Gasco é propriedade do grupo monopolista Pérez-Cruz. Contrastando com a minguada proposta de reajuste salarial em 0,7%, no ano passado a companhia alcançou lucros notáveis de 13 milhões de dólares, segundo declarou a mesma.
Em 2013, segundo o relatório Sector Gas – Memoria Anual 2013, divulgado pela Bolsa de Santiago, a Gasco ocupou 27% do mercado nacional chileno, vendendo 313 mil toneladas de gás para residências, comércios e indústrias, mantendo hegemonia na região metropolitana de Santiago. Por meio de subsidiárias, o monopólio também atua em países vizinhos como Argentina e Colômbia. Neste último, o monopólio abastece quase todos os departamentos (estados) do país, participando em 21% do mercado nacional colombiano. Trata-se de uma companhia do capitalismo burocrático chileno.
Os trabalhadores exigem aumento substantivo dos salários, aumentos dos benefícios ligados à qualidade de vida e reajustes na política contratual – tempo maior de duração – visando maior garantia de emprego.
O problema salarial no Chile é notável. Mais de 27% da população do Chile afirma que o que ganha mensalmente não é o suficiente para comprar alimentos, segundo informe da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), intitulado Society at a Glance 2014. Mais de 63% das famílias chilenas têm dívidas com bancos como resultado do baixo salário, segundo levantamento do próprio Banco Central do Chile em 2011-2012.