Chile: Povo Mapuche resiste à violenta repressão policial

Chile: Povo Mapuche resiste à violenta repressão policial

Mulheres Mapuche confrontam agentes policiais. Foto: Aton

No dia 7 de janeiro, em uma operação com mais de 821 oficiais da Polícia de Investigações (PDI) e Carabineros (polícia militar chilena), a comunidade Temucuicui (na área de Ercilla, Araucanía, província de Malleco) foi duramente reprimida e alvo de ataques. O ocorrido se deu sob o pretexto de “combate às drogas”, no mesmo dia em que os líderes da comunidade aguardavam à condenação dos policiais envolvidos no assassinato de Camilo Catrillanca, jovem weichafe (“combatente”, na linguagem mapuche) assassinado em 2018. Em nota, a comunidade denunciou o caráter fraudulento da operação e a ligação do velho Estado chileno com o latifúndio.

Por volta de meio-dia, homens armados com fuzis, rostos cobertos e munições de guerra iniciaram a operação nas terras Temucuicui. Eles possuíam dezenas de veículos, muitos deles blindados, e cerca de dois helicópteros que sobrevoavam disparando contra a comunidade. Mulheres e homens, surpreendidos, saíram para expulsar as tropas.

Os policiais responderam com grandes quantidades de gás lacrimogêneo e projéteis, deixando homens, mulheres e crianças feridos. Animais foram mortos, moradias e cercas foram destruídas.

Em cima disso, a reação montou um palco para tirar a legitimidade da comunidade Temucuicui. A grande mídia, serviçal do velho Estado, justificou a operação afirmando que a comunidade estava envolvida com o tráfico de drogas e que “mil pés de maconha” foram apreendidos. O reacionário Ministro do Interior, Juan Francisco Galli, viajou à Araucanía para apoiar a operação. O diretor da PDI ameaçou futuras operações similares.

No seu blog, a comunidade publicou um comunicado repudiando as ameaças e falsificações. Em nota, narraram como há quase duas décadas o velho Estado chileno vem tentando associar o povo Mapuche ao tráfico de drogas, muitas vezes plantando falsas provas. Também pontuaram que os ataques que vêm sofrendo se dão por parte do latifúndio e demais classes exploradoras, que querem tomar suas terras prósperas.

Por fim, a comunidade denunciou as circunstâncias em que se deu a operação. Ela foi aplicada no mesmo dia do julgamento dos assassinos de Camilo Catrillanca. Sua família foi impedida de ir à cidade receber o veredito. Enquanto voltavam para a comunidade, sua mãe, juntamente de sua viúva e sua filha, de 7 anos, foram detidas.

Catrillanca foi assassinado em novembro de 2018 pelo Comando Jungla, em uma operação policial covarde com envolvimento dos Carabineros e do Ministério do Interior. O Comando Jungla, um “comando anti-guerrilheiro”, trata-se de uma equipe treinada na Colômbia para servir aos interesses do latifúndio e do monopólio florestal e madeireiro. O jovem weichafe desde cedo lutou pelo seu povo, contra o domínio e exploração das classes dominantes.

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