Um grande incêndio atinge o centro de Santiago durante manifestação. Foto: Getty images
Os protestos massivos no Chile, que completaram 11 dias no dia 29 de outubro, voltaram às ruas exigindo a renúncia de todo o governo presidido por Sebastián Piñera.
Em meio à forte repressão dos policiais e militares, os manifestantes permaneceram nas ruas, no novo dia de mobilizações que chegou ao Palácio de La Moneda. Milhares de trabalhadores da saúde e da educação juntaram-se aos protestos generalizados do dia 29, exigindo que os direitos fundamentais deixem de ser comercializados como mercadorias.
A marcha ocorreu sem conflitos com a Polícia durante a maior parte da caminhada pela Alameda Bernardo O’Higgins, a principal rua de Santiago, mas, mesmo assim, acabou sendo reprimida a cerca de 200 metros do palácio presidencial. Nessa altura, o povo entendeu que era preciso resistir com violência e aplicou-a, gerando confrontos em várias partes da capital.
“A polícia não permitiu que as pessoas se aproximassem de La Moneda pacificamente. Cerca de quatro quadras antes, eles começaram a jogar gás lacrimogêneo”, disse o fotógrafo Cristóbal Venegas, que estava na marcha, em entrevista à BBC Mundo. Venegas disse que a “repressão foi superviolenta hoje, mais do que em dias anteriores. As pessoas, insatisfeitas, começaram a desatar incêndios, barricadas. O confronto durou quatro ou cinco horas”.
Foto: Jorge Silva/Reuters
Embora Piñera tenha mudado oito de seus ministros e oferecido subsídios, as manifestações continuam a se intensificar no país: circulam na internet vídeos de uma escola na cidade de Ovalle que, para impedir que os alunos participassem dos protestos do dia 29, trancou-os dentro do colégio. Já os alunos, em sua justa rebelião, derrubaram o portão de metal do colégio.
Assista: https://twitter.com/yeni_demokrasi1/status/1189101132397862912?s=08
Também, em um vídeo veiculado pela Reuters, vê-se a brutal repressão das forças de repressão reacionárias contra os manifestantes, mas também a heróica resistência desses, que sem se intimidar, construíam barricadas em chamas, jogavam tintas e pedras contra os carros blindados militares, entre outras ações.
Assista: https://twitter.com/Reuters/
Por sua vez, o Instituto Nacional de Direitos Humanos denunciou que um observador foi ferido depois de receber sete balas disparadas por policiais; o funcionário sofreu ferimentos graves em sua perna e foi transferido para um posto de saúde.
A Defensoría da Criança do Chile também informou que, durante a jornada de protestos, houve 283 casos de violações contra menores por parte de carabineros, “43 menores foram feridos e 240 foram detidos”, acrescentaram.