Estudantes e policiais em enfrentamento, em Bogotá, no dia 26 de setembro de 2019. Foto: Juan Barreto/ AFP
Em Bogotá, capital da Colômbia, no dia 27 de setembro, cerca de cinco mil estudantes de mais de dez universidades colombianas participaram de um protesto combativo contra o abuso policial e a corrupção dentro das universidades, em mais um dia de manifestações.
Durante o protesto, 200 estudantes ocuparam a reitoria Universidade Distrital, onde se desenvolveu os escândalos de corrupção entre o reitor e o ex-diretor do Instituto de Extensão. Os estudantes, rebelados contra o desvio de verbas da universidade para o financiamento de jóias, hotéis de luxo, prostíbulos e outras coisas por parte dos gerentes da instituição, jogaram pedras e coquetéis molotov no prédio do Instituto de Extensão.
Desde o dia 17, os estudantes da Universidade Distrital realizam protestos após a rede milionária de irregularidades administrativas ser exposta. Os jovens, agora, também reivindicam como pauta das manifestações o rechaço à brutalidade policial, após os confrontos entre as forças repressivas e estudantes nas manifestações.
No dia 18, a tropa de choque jogou gás lacrimogêneo e bombas contra os manifestantes, que caíram perto das instalações do Hospital San Ignacio, que faz parte da universidade privada Javeriana. No dia 19, um grupo de estudantes da universidade de Javeriana organizou um comício contra o uso excessivo da força por parte das “autoridades”. Nesse mesmo dia ocorreram também manifestações na Universidade Pedagógica.
Gradualmente, estudantes de outras universidades como Piloto, Católica, Sergio Arboleda e Universidad de Los Andes juntaram-se aos protestos, se colocando ao lado dos estudantes da Universidade Distrital, e dos que haviam sido reprimidos pela polícia.
A rebelião se justifica
No início de agosto, a Procuradoria-Geral da República da Colômbia citou Muñoz Prieto por sua suposta conexão com irregularidades no manejo de mais de 10,4 milhões de pesos (quase 3 milhões de dólares).
De acordo com a Procuradoria Geral da República, Muñoz Prieto desviou recursos públicos da instituição que dirigia para uma conta em nome da Universidade Distrital, que foi usada em seu benefício. Muñoz é acusado de passar 333 cheques a seu favor e usado um cartão de crédito com sua assinatura e a dos ex-presidentes Inocêncio Bahamón e Boris Bustamante, que também poderiam ser investigados.
O ex-funcionário da universidade teria pago com esses recursos veículos de luxo, equipamentos eletrônicos, acomodações em hotéis, contas de restaurantes, jóias, roupas e viagens, assim como festas e prostíbulos. Muñoz teria também apontado ao atual reitor da Universidade Distrital, que participou de alguns dos crimes pelos quais está sendo investigado.
Nessa rede de tráfico de influências com o dinheiro do povo, Muñoz incluiu em sua delação o representante dos graduados perante o Conselho Superior da Universidade, Carlos Fajardo; a Prefeitura de Bucaramanga; o ex-reitor imediato, Carlos Mosquera; e funcionários do Fundo Financeiro para Projetos de Desenvolvimento (Fonade) e do Serviço Nacional de Aprendizagem (Sena).