Colômbia: Exército executa camponeses; regiões registram conflitos armados

Colômbia: Exército executa camponeses; regiões registram conflitos armados

Manifestação camponesa para exigir justiça para cocaleros assassinados pelo exército em Outubro de 2017.

Desde o fim de abril diversos assassinatos e repressão desenfreada estão sendo levados a cabo pelo Exército colombiano juntamente com outros órgãos de repressão. Pelo menos três camponeses foram executados, enquanto vários outros confrontos armados entre os camponeses e o Exército foram registrados. As mortes ocorrem em meio à ofensiva do governo contra regiões camponesas onde é tradicional a produção da folha de coca.

No dia 22 de abril, o indígena e camponês Angel Artemio Nastacuas foi assassinado pelas forças de repressão colombianas, em Tumaco, como mais uma ação da guerra contra o povo promovida pelo reacionário Ivan Duque. 

Angel Artemio Nastacuas foi assassinado em Tumaco, no Sul do país, após confrontos dos camponeses com as forças de repressão. Em várias regiões os camponeses reagiram violentamente ao autoritarismo do governo. 

No Norte de Santander, camponeses filmaram momentos depois que o Exército assassinou um jovem camponês. Em Caquetá, o Exército foi flagrado atirando contra os camponeses, que tentavam evitar danos às suas plantações que utilizam para sustentar suas famílias. Em Tarazá e Valdivia, Antioquia, os camponeses também estão resistindo.

No norte do país, na fronteira com a Venezuela, em 26 de março, outra vítima do velho Estado foi Alejandro Carvajal, um caso em que um soldado que atirou contra o camponês.

Mesmo em meio à quarentena nacional pelo coronavírus, o governo de turno colombiano declarou que não cessará a erradicação forçada da folha de coca, ao contrário, intensificou as operações das Forças Armadas. De acordo com o jornal democrático El Comunero, o governo está tentando aproveitar o momento para militarizar o campo e criminalizar e assassinar os camponeses que protestam contra a violação de seus direitos.

Na Colômbia, há cerca de 100 mil agricultores que plantam arbustos de coca. São agricultores pobres que cultivam coca em micro e pequenas propriedades que estão localizados em algumas das áreas mais pobres do país, com pouco acesso para extrair, escoar e comercializar outras culturas. 

Os camponeses denunciam que o velho Estado colombiano apenas promete dar a eles meios de substituir a plantação da folha de coca por outras culturas, quando na realidade, não torna suas promessas realidades. Enquanto isso, criminaliza e assassina os camponeses por tentarem retirar desse cultivo sua sobrevivência, aumentando sua exploração e aprofundando o controle militar no campo, enquanto aos grandes traficantes e responsáveis pelos cartéis nada acontece.

De acordo com o El Comunero, “milhares de camponeses confiaram no Estado e se inscreveram no programa de substituição de culturas ilícitas, desejando com todo o coração cultivar alimentos e não drogas. Mas eles começaram a perceber que eram enganos e que o Estado não está interessado em que os camponeses produzam o que o povo e a nação precisam. Muitos não receberam os subsídios. Além disso, o atual governo Duque trouxe de volta à mesa o debate sobre o uso da pulverização aérea do glifosato para combater as culturas ilícitas, conhecendo os efeitos econômicos e sanitários desastrosos que teve sobre o campesinato e as terras que trabalham. Acima de tudo, o Estado falhou totalmente em investir no desenvolvimento agrícola, como não poderia deixar de ser, por ser um Estado de grandes burgueses e latifundiários, que mantém o atraso e a semifeudalidade no campo para se enriquecer com enormes negócios com o imperialismo à custa do suor e do sangue dos camponeses”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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