As massas da Colômbia têm levado à cabo variadas ações em defesa de seus interesses e contra o sistema de opressão e exploração garantido através da reação Estatal.
Moradores se rebelam contra assassinato de trabalhador
No dia 13/05, moradores de Tumaco se revoltam contra a polícia pelo assassinato de um trabalhador da localidade.
Walberto Quiñones, de 54 anos, foi morto pela polícia em meio a uma operação no bairro de La Paz, no dia 11. A comunidade, que testemunhou o assassinato, então cercou os policiais envolvidos, que fugiram. Os moradores queimaram uma motocicleta da polícia em resposta ao crime covarde.
Dois dias depois, durante o velório de Walberto, familiares, amigos e pessoas da comunidade indignadas foram à delegacia de polícia em Tumaco para rechaçar a ação policial. A comunidade atirou pedras na estação policial e foi reprimida com gás lacrimogêneo.
Trabalhadores da saúde exigem seus salários atrasados
Já na cidade de Cali, trabalhadores da saúde do hospital San Juan de Dios protestaram exigindo seus salários atrasados e a previdência social, no dia 14/05. De acordo com os manifestantes, há cerca de 870 trabalhadores que, no meio do terceiro pico da pandemia em que o trabalho e a exposição ao vírus estão aumentando, estão nesta situação de insegurança no trabalho. Alguns trabalhadores não recebem seus salários há oito meses.
A manifestação tomou a forma de uma marcha desde a sede do hospital até a Plazoleta San Francisco, onde se encontra a sede do governador de Valle del Cauca. Uma primeira vitória para os trabalhadores foi alcançada com o pagamento de um dos meses de salário devidos.
Comunidade se mobiliza combativamente para exigir acesso à água
No mesmo dia, a comunidade do bairro de Asdeflor, em Santander, realizou uma concentração em frente ao gabinete do prefeito para exigir seu direito à água. Os moradores ficaram sem acesso à água potável por 15 dias e denunciam o Aqueduto Metropolitano de Bucaramanga por ter retirado seus serviços, expondo este ato como criminoso.
“Quando há eleições eles vão lá, falam bem conosco e nos prometem coisas, e quando precisamos deles eles viram as costas para nós”, denunciou um dos manifestantes. Uma primeira vitória da mobilização foi que o gabinete do prefeito enviou um caminhão-pipa para o bairro para um abastecimento provisório de água.
Já na cidade de Cartagena, trabalhadores protestaram contra a reforma tributária que têm sido imposta pelo governo reacionário de Iván Duque, com manifestação na zona industrial da cidade.
Uma semana de luta para os pequenos comerciantes de Bogotá
Durante a última semana, trabalhadores e proprietários de pequenas e médias empresas realizaram novas mobilizações contra a imposição de medidas de quarentena. Em meio à terceira onda da pandemia no país, e com várias das principais cidades com ocupação total de UTIs, os governos nacionais e locais estipularam medidas de isolamento como toque de recolher noturno durante a semana e toque de recolher contínuo nos finais de semana.
Assim como no início da pandemia quando houve uma quarentena obrigatória e contínua durante vários meses, as pessoas sofrem duramente as consequências destas medidas porque para um trabalhador do setor comercial ou informal, assumir um confinamento sem qualquer garantia econômica do Estado, não só para comer, mas para manter seus negócios e empregos, é impossível.
Comerciantes entram em greve
Agências internacionais como a Oxfam (Oxford Committee for Famine Relief ou Comitê de Oxford para Alívio à Fome, em português), em uma análise recente da pandemia, previram que, embora alguns dos maiores bilionários internacionais tenham conseguido se recuperar rapidamente da crise econômica que ainda atravessamos, a maioria pobre do mundo levará aproximadamente 10 anos para fazê-lo.
Diante disso, no dia 14/05, os comerciantes e trabalhadores de estabelecimentos noturnos em Bogotá iniciaram uma greve na Plaza Bolívar, para denunciar a grave situação econômica pela qual estão passando. “Tenho 50 anos, sempre trabalhei com eventos e desde um ano atrás não tenho renda, tenho câncer e não posso pagar meus tratamentos”, disse um dos manifestantes.
Um dia depois, comerciantes do setor de móveis e decorações se reuniram para protestar pelas mesmas razões e apelaram para a ação de bloqueio da passagem do Transmilenio (sistema de transporte público da cidade). A concentração foi realizada na Carrera 30 e na Rua 75, ao norte de Bogotá.
Um dos manifestantes também denunciou as mentiras da prefeita da cidade da seguinte forma: “A prefeita só diz o que as pessoas querem ouvir, mas nunca recebemos nenhuma ajuda real, nem mesmo os famosos mercados que ela diz que estão entregando (…) e se tivermos que bloquear o sistema Transmilenio para nos fazer ouvir, vamos fazê-lo hoje, amanhã e sempre que for a hora”.
Moradores de Santa Clara bloqueiam via por falta de energia em 16/05. Foto: Reprodução.