Operários reagem e ferem 6 policiais
Ao menos 7 mil mineiros estão protagonizando violenta greve por melhores condições de trabalho e garantia dos direitos trabalhistas em Segovia, no estado de Antioquia, noroeste da Colômbia.
A greve iniciou-se no dia 20/07 e, com a repressão policial, desenvolve-se em uma espiral de violência e combatividade. O dia mais violento foi 12º dia de greve, em 1/08.
Segundo porta-vozes da Mesa Mineira, neste dia cinco civis foram hospitalizados e certamente vários outros ficaram feridos e decidiram não ir ao hospital.
No entanto, as massas se armaram para revidar. Segundo a polícia local, seis oficiais ficaram feridos, cinco deles por detonação de artefatos explosivos e um com tiro de arma de fogo improvisada.
Os mineiros e a população local bloquearam vias com veículos em chamas e incendiaram barricadas para impedir a atuação repressiva da polícia.
Eliober Castañeda, presidente do grêmio, afirmou que todo o processo de ascensão da violência começou por responsabilidade da polícia. Ele denunciou que os agentes da ESMAD (tropa de choque antimotim), no dia 31/07, chegaram na aldeia de La Cruzada aplicando terror e violência gratuita contra toda a população.
“A ESMAD chegou ao corregimento de La Cruzada dando pauladas, derrubando as vasos de colheitas da comunidade e distribuindo gases a torto e à direita. Isso alterou o ânimo das pessoas e provocou os confrontos”. “Não nos parece justo que a própria autoridade comece a apontar à população. Aqui o que existe é população civil manifestando-se, porque o governo quer terminar com a mineração artesanal e ancestral de nossos territórios”, concluiu.
O grêmio mineiro denunciou também que aproximadamente 260 pessoas, entre mulheres e crianças, tiveram que ser hospitalizadas por intoxicação com gás lacrimogêneo.
O “governo” do estado declarou toque de recolher entre os dias 1º e 2/08, alegando necessidade de “impor a presença da autoridade”. Ofereceu também 50 milhões de pesos (moeda local) em troca de informações sobre suposta atuação de grupos armados na greve.
greve contra superexploração
Segundo a Mesa Mineira de Segovia e Remedios que convocou a greve, os mineiros protestam contra a negligência do “governo” que se nega a profissionalizar o trabalho artesanal.
Os mineiros denunciam que naquela região quem realiza o trabalho mineiro são as populações ancestrais e de origem camponesa, contratada informalmente por empresas do grande capital, e que os recursos vão para o mercado por um preço muito abaixo do valor. Condenam ainda a subserviência do velho Estado às multinacionais, a que atribuem a falta de apoio.
A greve começou no dia 20/07 em protesto por um “contrato de trabalho injusto imposto pela empresa Zandor Capital S.A”, e englobou e despertou as outras reivindicações, como o fim do projeto de lei 169 de 2016 que visa erradicar a exploração ancestral das terras pelas populações.
Quando iniciou-se, a greve logo deparou-se com a resposta do governo: repressão. Um dia após deflagrada, o coronel Wilson Pardo, comandante da Polícia de Antioquia, afirmou que mobilizara 500 soldados para garantir a “ordem”.