Os trabalhadores dos Correios de mais de onze estados estão em greve por aumento nos salários e melhores condições de trabalho. A categoria respondeu com a greve após 14 tentativas de negociação com o governo federal de Luiz Inácio (PT), que segue inflexível na recusa em atender às justas reivindicações dos trabalhadores.
O movimento se iniciou com a declaração de greve por tempo indeterminado no dia 7 de agosto. Ao todo, a paralisação abarca mais de 11 estados: Alagoas, Amapá, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Paraná, Tocantins, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo. Em alguns outros estados, incluindo o Distrito Federal, os trabalhadores seguem em “estado de greve” e podem paralisar os serviços a qualquer momento.
Segundo Douglas Melo, diretor de comunicação da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores/as dos Correios (Findect), afirmou que a greve se deu porque a categoria chegou a um “limite”.
As reivindicações
Dentre as exigências dos trabalhadores dos Correios, estão o aumento real dos salários em 5%. Além disso, exigem melhorias no plano de saúde da empresa que, pelas normas atuais, desconta mensalmente do salário dos trabalhadores e cobra 30% por consultas e exames.
A categoria exige ainda um aumento igualitário de R$ 300 para todos os funcionários. Segundo Melo, o objetivo é “reduzir a diferença salarial entre os que ganham mais e os que ganham menos na empresa”, destacando que o maior salário dos funcionários dos Correios chegam a ser 30 vezes maior que o menor.
Há também a reivindicação de abertura de concurso público para mais contratações na empresa, o aumento de 20% do salário dos empregados motorizados.
Em contrapartida, a empresa, juntamente com o governo de Luiz Inácio/Alckmin, se negam a conceder qualquer aumento salarial neste ano. No lugar de atender à reivindicação da categoria, oferecem somente 4,11% em benefícios.
A alegação de que um reajuste só poderá ser feito em 2025 se dá em consonância com o “novo teto de gastos” de Fernando Haddad, ministro da Economia. Desta forma, o governo de Luiz Inácio segue o mesmo padrão de oferecer reajuste zero aos trabalhadores em luta. Foi assim com a greve da Educação, do Ibama e do INSS, além do Incra.
Além de não conceder verbas para os trabalhadores brasileiros, o governo também promove cortes nas chamadas “áreas essenciais” da Educação e Saúde, em movimentos que se repetem desde o início do governo, em 2023. Porém, quebrando recordes no valor dos Planos Safras ao “agronegócio”, o governo destinará mais de R$ 400 bilhões.
A direção dos Correios, por sua vez, segue o discurso reacionário do governo de Luiz Inácio, se ancorando nas tentativas de privatizações do governo anterior, de Jair Bolsonaro. Contudo, não consegue explicar que, no quesito de desvalorização dos trabalhadores, a política de arrocho salarial é a mesma.
Em nota, os Correios afirmaram que a capacidade operacional não foi afetada. Segundo o Findect, São Paulo e Rio de Janeiro concentram 40% do efetivo da empresa e 60% do fluxo postal do país. Na capital dos dois estados, os efeitos da greve já começaram a ser sentidos, contrastando com a nota da empresa: o programa de entrega de leite da Prefeitura de São Paulo foi interrompido e há setores de entregas de encomendas completamente afetados.