Moradores famintos confiscam caminhão com alimentos em Pelotas
Dezenas de famílias proletárias se organizaram e confiscaram mais de 100 cestas básicas e 200 litros de leite pertencentes à prefeitura de Pelotas, no dia 10 de julho. A ação ocorreu na vila das Corujas e os alimentos foram distribuídos na hora, sobretudo para quem não recebeu auxílio-emergencial pela demora do governo.
Um dos estopins para a ação, além da fome e miséria impostas às famílias pela crise do capitalismo burocrático, foi o abandono e demora da prefeitura. Os alimentos pertenciam mais especificamente à Secretaria de Assistência Social da prefeitura. Num vídeo que circula na internet, um dos moradores denuncia que mais de 60 famílias que passam fome não foram incluídas no cadastro da prefeitura, e muitas incluídas não receberam nada.
De acordo com os assistentes sociais que foram surpreendidos pela ação, os moradores obrigaram-lhes a entregar a comida rápido aos trabalhadores. Mesmo quem recebeu o auxílio (míseros R$ 600), sofrendo também de carestia, se juntaram aos demais e também receberam. Alguns moradores entraram no caminhão e distribuíram os alimentos aos outros populares.
Os confiscos de alimentos (chamados de “saques”) têm acontecido com cada vez mais frequência, mostrando como a crise econômica do capitalismo burocrático, agravada pela crise sanitária da Covid-19, tem submetido o povo a condições cada vez mais indignas de vida.
Recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) revelando que mais da metade da população brasileira com idade para trabalhar está desempregada (50,5%). Numa situação de agravada privação dos direitos básicos como à alimentação, os confiscos são um meio encontrado pelas classes populares de amenizar a carestia.