No dia 3 de agosto, a reacionária “CPI do MST” contou com a presença de José Rainha, liderança da Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL). Durante a sessão, o ativista defendeu a justeza da luta camponesa em resposta a uma sequência de insultos e frustradas tentativas de criminalização por parte dos parlamentares presentes, sobretudo os reacionários Ricardo Salles (PL-SP), Kim Kataguiri (União Brasil-SP), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodolfo Nogueira (PL-MS).
A comissão foi retomada no dia 1° de agosto, com depoimentos do general ex-GSI, Gonçalves Dias, e deve convocar ainda o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e a liderança do MST, José Stédile.
É estarrecedor a condução de um interrogatório de uma liderança camponesa por senhores com histórico tão desprezível quanto os parlamentares destacados na comissão. Ricardo Salles passou grande parte da sessão tentando acusar José Rainha de mentiroso e criminoso. É o mesmo elemento que, quando ministro do Meio Ambiente, fugiu do cargo enquanto era investigado por coordenar um esquema internacional de contrabando de madeira.
As tentativas de criminalização da luta camponesa vieram também de Coronel Chrisóstomo e Rodolfo Nogueira. O primeiro chegou a ameaçar José Rainha de prisão. Ambos os parlamentares são oriundos de dois gigantes redutos de grileiros do país, fora os inúmeros casos de assassinato e tortura de camponeses e indígenas em ambos estados. No caso de Chrisóstomo, o reacionário chegou a ser apontado por grileiros da Amazônia como um forte apoiador da grilagem e representante do ramo em Brasília. A revelação foi feita no documentário “Amazônia à venda: o mercado ilegal de áreas protegidas no Facebook”, do monopólio de imprensa BBC.
No que tange à José Rainha, a liderança camponesa conseguiu furar o cerco dos representantes do latifúndio e elevar a defesa de sua causa. Não se reservou também de críticas ao atual governo, bem como apontou que a luta camponesa continuará enquanto houver terra nas mãos dos latifundiários para ser ocupada: “Creio que ainda há muito [o que fazer]. Segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], há, no campo, vastas áreas para serem desapropriadas [e destinadas] para a reforma agrária. Estamos falando de milhões de hectares”, disse.