CPMI 8/1 antecipa encerramento e blinda peças-chave do golpismo

Esvaziada tanto pela base governista quanto pela extrema-direita, a CPMI do 8 de janeiro terá seu fim um mês antes do previsto. Com a decisão, aprovada sob consenso dos participantes, a comissão será encerrada sem convocar peças-chave do golpismo, sobretudo generais.
CPMI antecipou o próprio fim em um mês, sem convocar Braga Netto e três ex-comandantes Almir Garnier, Freire Gomes e Carlos de Almeida. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

CPMI 8/1 antecipa encerramento e blinda peças-chave do golpismo

Esvaziada tanto pela base governista quanto pela extrema-direita, a CPMI do 8 de janeiro terá seu fim um mês antes do previsto. Com a decisão, aprovada sob consenso dos participantes, a comissão será encerrada sem convocar peças-chave do golpismo, sobretudo generais.

Esvaziada tanto pela base governista quanto pela extrema-direita, a CPMI do 8 de janeiro terá seu fim um mês antes do previsto. Com a decisão, aprovada sob consenso dos participantes, a comissão será encerrada sem convocar peças-chave do golpismo, sobretudo generais. Dentre os blindados estão o general Braga Netto, o almirante Almir Garnier, o general Freire Gomes e o brigadeiro Carlos de Almeida.

No caso de Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente de Bolsonaro e prestou visitas aos acampamentos bolsonaristas em 2022, um depoimento chegou a ser marcado para o dia 5 de outubro, acabou cancelado após um acordão entre os parlamentares da comissão. Já a presença dos ex-comandantes (generais que eram da ativa até o fim do ano de 2022) não foi nem votada, mesmo após as afirmações do tenente-coronel Mauro Cid de que os militares  reacionários participaram de uma reunião com Bolsonaro para discutir a possibilidade de um golpe – com sinalização positiva de Garnier.

O anúncio de encerramento foi dado dois meses após o enquadramento do comandante do Exército Tomás Paiva contra o presidente da CPMI 8/1. Na ocasião, Tomás atuou para garantir que a CPMI não extrapolasse os limites impostos pela caserna, no respeito à “instituição militar”. A ordem foi prontamente acatada pelo presidente da CPMI Arthur Maia, que reafirmou logo após a reunião com Paiva seu compromisso com as Forças Armadas. A mesma linha foi seguida pela relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), que chegou a afirmar que “a instituição Forças Armadas impediu um golpe no país”.

O final recatado da CPMI é correspondente à toda a trajetória da comissão. Após todo o circo midiático que se armou logo no início da trama, poucos foram os avanços, sempre limitados pela tutela da caserna e pela própria atuação acuada dos parlamentares. A comissão centrou-se todo o tempo em figuras secundárias do golpismo, e a convocação das poucas figuras mais centrais foi feita “cheia de dedos”, permeada por adiamentos e protegida pela garantia do direito ao silêncio. Foi assim, por exemplo, com figuras como o general Heleno. Resta ver, com o fim da comissão, quais outras peças serão armadas para fingir um combate ao golpismo, ou se mesmo os esforços de atuação serão abandonados.

No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu no dia 3 de outubro a quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal do ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. A decisão atraiu críticas da cúpula da CPMI, mas é difícil levar os apontamentos a sério após a atuação da própria comissão para blindar os generais. Por outro lado, no mesmo dia, o STF decidiu pela condenação de mais cinco dos galinhas verdes que participaram dos episódios do 08/01.

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