CPMI de 8 de janeiro serve para disputar ‘likes’

Com mais de 12 horas de duração, tiveram início os “trabalhos” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que diz investigar os episódios de 8 de janeiro.

CPMI de 8 de janeiro serve para disputar ‘likes’

Com mais de 12 horas de duração, tiveram início os “trabalhos” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que diz investigar os episódios de 8 de janeiro.

Com mais de 12 horas de duração, tiveram início os “trabalhos” da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que diz investigar os episódios de 8 de janeiro. Realizada no Senado, porém com participação de parlamentares dos dois níveis, a primeira oitiva foi do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.

Para seu depoimento, Silvinei foi acompanhado por dois advogados e tentou refutar, sem sucesso, suspeitas atribuídas a ele. Dentre elas, a suspeita de ter tentado influenciar no resultado das eleições ao organizar, direta e deliberadamente, as operações de fiscalização nas estradas federais com ênfase na região Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio vencia seu adversário Bolsonaro. Foram retidos 48 ônibus no Nordeste, e 26 ônibus em todas as demais regiões apenas no dia do segundo turno. Silvinei também é suspeito de negligência e prevaricação, haja vista a inoperância da PFR, chefiada por ele, quando começaram os bloqueios de rodovias após o resultado da farsa eleitoral, em 30 de outubro, quando Bolsonaro não aceitou o resultado. Há também muitos casos de policiais rodoviários que participaram ativa e diretamente dos bloqueios.

Para tentar escapar das acusações, Silvinei apresentou alguns dados incongruentes. Afirmou, logo no início da oitiva, que a maior concentração de operações no Nordeste durante os dias das eleições se deve ao fato de que naquela região está a maior concentração de rodovias federais, além de ser a principal região em captura de armamentos, razão por que, também, lá está concentrado o maior número de viaturas, agentes e estrutura da PRF. A argumentação, central em sua defesa, parece lógica. No entanto, o Nordeste não é a primeira região em captura de armas ilegais. Além disso, se o critério para explicar o maior número de operações no Nordeste é a maior demanda, então para definir a distribuição das forças a PRF deveria ter colocado mais peso naquela região onde é maior o fluxo de pessoas nas eleições, e não onde haja mais rodovias federais. Se esse fosse o critério, o maior índice de operações da PRF deveria ser no Sudeste (44% da população brasileira), e não no Nordeste, que concentra apenas pouco mais de 25% da população brasileira.

Silvinei tentou, deste modo, duas coisas: livrar-se a si mesmo e livrar a Bolsonaro. Do segundo, afirmou ter “uma relação profissional”. A presença ostensiva de seus dois advogados, ademais de seu nervosismo e defensivismo frente à fanfarronice das “nobres excelências” – que mais parecem estar num circo, com o perdão aos palhaços – faz parecer que ele tem mesmo muito a esconder. Para sua tranquilidade, essa CPMI não serve para nada, pois, inclusive, a verdadeira investigação está ocorrendo diretamente no judiciário. Já essa CPMI, é apenas para os parlamentares exibirem a si mesmos e disputarem likes nas redes.

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