O governo de Bolsonaro, tutelado Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), é cada vez mais reprovado pela opinião pública. Segundo a pesquisa do Datafolha, de agosto, subiu de 33% para 38% o número de pessoas que consideram o governo ruim ou péssimo, se comparado com o índice do início de julho.
Além do crescimento do índice “ruim ou péssimo”, houve uma queda entre aqueles que consideram o governo “bom ou ótimo”: em julho, o índice era 33% e, em agosto, decaiu para 29%. Aqueles que consideravam o governo regular baixaram de 31%, em julho, para 30%, em agosto. A região onde sua rejeição mais cresceu foi o Nordeste: em agosto, o índice “ruim ou péssimo” bateu 52%, num crescimento de 11 pontos percentuais.
Entre aqueles que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos, a reprovação do governo foi de 34%, em abril, para 43% em agosto. Essa faixa representa nada menos que 44% da população brasileira com 16 anos ou mais.
O governo perdeu força ainda entre os residentes da região Sul, nos mais escolarizados (43% de reprovação) e mesmo entre os que têm rendimento superior a dez salários mínimos (46% ruim ou péssimo).
Além disso, políticos importantes do campo reacionário se afastaram do governo, especialmente do fascista Bolsonaro, como os direitistas Kim Kataguiri, Janaina Paschoal, Marcel van Hattem e João Doria, além de personalidades da extrema-direita civil, como Alexandre Frota. Isso deve tornar a vida do governo mais difícil em sua relação com o parlamento, elevando as já existentes crises política, institucional e militar a novos patamares.
Ainda segundo o Datafolha, “se a eleição fosse hoje”, 13% dos eleitores de Bolsonaro, que foram iludidos pelo discurso antipetista, afirmaram que não votariam em ninguém.
O mais desgastado, tudo indica, é o próprio presidente fascista Jair Bolsonaro. O índice de rejeição cresce após a aprovação da “reforma da Previdência” e após a sucessão de polêmicas geradas por declarações extremistas ou decisões de Bolsonaro, como a indicação do seu filho, Eduardo Bolsonaro, como diplomata no USA.
Implicações para a direita e a extrema-direita
O desgaste, além disso, cresce em meio à disputa entre extrema-direita militar-civil (encabeçada pelo grupo de Bolsonaro) e a direita militar-civil (encabeçada pelo núcleo de establishment) pela direção do golpe militar contrarrevolucionário posto em marcha em 2015 para prevenir um levante de massas. O núcleo do establishment é composto pelo ACFA, pelo seleto grupo de procuradores da “Lava Jato”, pelo monopólio de imprensa e por grandes industriais, banqueiros e corporações do agronegócio.
O plano da direita militar-civil é desgastar a imagem de Bolsonaro, elevar sua rejeição e substitui-lo por Mourão, ou de outro modo quando perceberem que não haverá resistência dentro das baixas patentes das Forças Armadas e na opinião pública reacionária. A direita procede assim porque considera o plano bolsonarista de reeditar o regime militar fascista uma aventura perigosa, que arrastará o país à guerra civil e pouco conveniente para o momento.
Bolsonaro, por sua vez, procura manter sua base extrema-direitista civil e nas tropas unida e elevar a crise institucional, criando ambiente favorável à difusão da sua retórica, segundo a qual as instituições estão contaminadas. Através desse plano, a extrema-direita bolsonarista espera ganhar hegemonia entre os comandantes e unidades militares e arrematar a instauração do regime militar.
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