Trabalhadores protestam contra fechamento da Ford. Foto: Banco de Dados AND.
A montadora de automóveis estadunidense, Ford, anunciou, no dia 11 de janeiro, que fechará todas as suas unidades de fabricação de veículos no Brasil. Com esta medida, a Ford (que possui fábricas na Bahia, em São Paulo e no Ceará), demitirá mais de 22 mil trabalhadores.
Contra o fechamento das fábricas, funcionários da empresa fizeram protestos em Camaçari, na Bahia e em Taubaté, São Paulo.
Em Camaçari, os operários chegaram às 5:30 da manhã, para começar o turno de trabalho, contudo encontraram os portões da unidade fechados. Após isso, os trabalhadores realizaram uma assembleia no estacionamento da unidade e logo se deslocaram até a prefeitura da cidade para seguir com o protesto. Segundo o Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, até o momento os funcionários não foram convocados nem para acertar as contas, muito menos para encerrar os contratos, fato que segundo ele, deixa os trabalhadores desamparados.
Júlio Bonfim, contou que a decisão sobre o encerramento das atividades de fabricação no Brasil, foi exposta a ele pelo presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters. De acordo com o magnata, a decisão foi tomada por conta da instabilidade econômica do país.
Bomfim disse também que o executivo, Lyle, afirmou que a questão do coronavírus foi determinante para a decisão tomada. A fala vai de acordo com a nota que a montadora emitiu à imprensa para justificar o fechamento: “à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas” diz o comunicado.
Em Taubaté, um protesto reuniu cerca de 500 trabalhadores, que se posicionaram contra o fechamento da fábrica. Uma assembleia definiu o início de uma vigília nos portões da empresa, com o objetivo de impedir a entrada e saída de materiais.
Crise agonizante do Capitalismo Burocrático
A saída da multinacional imperialista Ford do país é mais um resultado da profunda crise que se abate sobre o Brasil, que ainda sofre os impactos da crise imperialista de 2020. Com a saída da Ford prossegue a crescente e criminosa desindustrialização do país.
Dados do Ministério da Economia apontam que os incentivos tributários para os fabricantes de automóveis atingiram R$ 43,7 bilhões entre 2010 e 2020. Nos últimos seis anos, as multinacionais do setor automobilístico injetaram 69 bilhões de dólares – o equivalente hoje a mais de R$367 bilhões – nas subsidiárias brasileiras. Deste ‘investimento’ inicial, pouco mais da metade (US$ 36,9 bilhões) já foi devolvida em remessas de lucro e pagamento da dívida com os controladores.
Empresas como esta procuram sempre países em que poderão retirar o lucro máximo, ou seja, gastar o menos possível e obter uma grande vantagem pecuniária. Para isso exploram o solo, recursos minerais e a mão de obra barata de tais nações.
Por isso, para atrair tais empresas, os governos de países semicoloniais tratam de enxugar suas legislações trabalhistas, retirando todos os direitos que puder do trabalhador, diminuindo impostos, oferecendo subsídios e entregando todas as riquezas da nação nas mãos de tais empresas.
As ambições da montadora são tão claras que até o presidente vende-pátria, Bolsonaro, declarou que a empresa tomou tal medida pois queria mais subsídios. Por sua vez, o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aproveitou a situação para defender a ‘reforma tributária’, medida ditada pelos organismos multilaterais do imperialismo (Banco Mundial) que justamente visa facilitar ainda mais a exploração do mercado nacional, por empresas estrangeiras imperialistas.
Todos os governantes dos diversos partidos que já passaram pelo planalto nunca tiveram a intenção de desenvolver a indústria nacional, tecnologia, ciência e etc. Pelo contrário, sempre foi preferível para estes entregar de bandeja todas nossas matérias-primas a preço de banana e depois importando a preço exorbitantes as tecnologias produzidas através dessas.
Todo esse processo fortalece o latifúndio e a semifeudalidade, pois faz com que estes vendam suas ‘commodities’ (juntamente com a grande burguesia) para estas empresas imperialistas. Do outro lado, a imensa maioria do povo, operários, camponeses, pequena e média burguesia, sofrem com os resultados da desindustrialização, além de trabalharem sem quaisquer direitos (quando não são jogados ou no desemprego ou no ‘trabalho informal’), ainda pagam um preço alto comprando mercadorias industrializadas que chegam de fora do país, com isso, estes também não usufruem de tecnologias modernas e científicas.