Cultura Popular: Dillema, um grito de resistência na música nacional

Cultura Popular: Dillema, um grito de resistência na música nacional

A banda de hardcore pernambucana Dillema lançou em 2019 o álbum Resistência. Além do ritmo acelerado tradicional do gênero, o disco traz uma reflexão da luta de classes em nosso país, assim como diversas críticas ao modo de produção capitalista e a farsa eleitoral do Estado burguês.

Na canção Fragmentos do Século XXI, é abordada a problemática da superestrutura, sobretudo como as instituições religiosas são usadas para garantir e validar a velha política desse Estado putrefato brasileiro.

“Filho, não se iluda com esses caras, eles vêm pra te sugar/ Bebem do seu sangue e condenam você/ Maldito seja aquele que vende a fé aos desolados/ Não deixe isso te converter sem reação!  […]/ Viver e não ser escravo dessa falsificação!/ Liberte-se do que eles dizem/ Que você deve ser e seguir aqui/ Quem paga é você, mas o milagre é da congregação./ Fascismo clerical, reacionário sim!”

Na faixa intitulada de Bala perdida, é trazido à tona o debate sobre os milhares de brasileiros que vivem à margem das políticas sociais do Estado brasileiro. Realidade dura, mas rotineira para os moradores de favelas e bairros pobres.

“Estar à margem sempre foi viver / Num mundo além dos muros da segregação/ Do lado de fora ninguém os vê/ só em notícias de arrastão./ É bem mais fácil os olhando de cima. /Assim é como o atirador os vêem./ Enquanto lá mais uma bala perdida/ Rasga o peito e ninguém vê.”

A canção Soldadinho de chumbo, ecoa o grito de resistência de todo o povo trabalhador brasileiro, que luta contra seus algozes, porém muitas vezes assiste o sangue valioso da sua classe ser derramado pelos soldados de guarda da grande burguesia e do latifúndio.

“O que é você?/ O que você vê no espelho?/ O sonho da patente nos olhos vermelhos./ Em nós o medo/ Senão vai preso em nome da injustiça/ Lucrar! Matar! Vender! Roubar!/ Quem pode nos salvar? A quem temer?/ A ditadura vive!/ Não nos renderão, você vai ver./ É bala contra punho./ O sangue jorra mas aqui/ Resistir é a lei!”

A música que também intitula o álbum, é a última do disco. Sua letra aborda a luta popular do povo brasileiro, a farsa dos discursos políticos daqueles que fazem parte dessa velha ordem e traz um tom de esperança e vitória. Pois sabemos, só a luta muda à vida.

“Em Recife, ternos vão manipular/ Com velocidade contra quem resiste/ Sem cidade, é só lucrar!/ Levantemos juntos!/ É difícil mas temos que resistir./ Levantemos juntos!/ Resistência é luta cultural./ Em cada quilombo, aldeia, espaço urbano, é demais./ A quinhentos anos, sem parar/ A guerra sangrenta que eles tentam ocultar./ Levantemos juntos!/ É difícil mas temos que resistir./ Levantemos juntos!/ É guerra contra quem te oprimiu./ Levantemos juntos! {Reconquistar!}/ Legítima defesa dentro de você!/ Levantemos juntos! {Reconquistar!}/ Qual outra opção é que teríamos?/ Outra, senão lutar? Resistência!”

Abaixo é possível escutar o disco completo:

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