Datafolha: 34% consideram gestão de Haddad ruim ou péssima; dados são reflexo de programa econômico de direita

Maioria da população se colocou contra limitação do aumento do salário mínimo, abono salarial e contra o privilégio de castas.
Foto: Folha de São Paulo

Datafolha: 34% consideram gestão de Haddad ruim ou péssima; dados são reflexo de programa econômico de direita

Maioria da população se colocou contra limitação do aumento do salário mínimo, abono salarial e contra o privilégio de castas.

A maioria da população desaprova a atuação do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) na economia. É o que apresenta a última pesquisa Datafolha feita nos dias 12 e 13 de dezembro. Entre os entrevistados, 34% consideram a gestão ruim ou péssima, outros 34% a avaliam como regular e apenas 27% da população a aprovam como ótima ou boa. No levantamento se destaca o repúdio às medidas econômicas antipopulares do governo de Luiz Inácio, encaminhadas por Haddad.

A pesquisa dividiu os entrevistados entre aqueles familiarizados com as medidas econômicas e os que não conheciam bem os projetos. O destaque é a desaprovação exatamente sobre os que dizem conhecer os pacotes econômicos do governo. São 42% dos entrevistados que consideram ruim ou péssimo, para 27% regular contra 29% que acham bom ou ótimo.

Entre os que não tiveram conhecimento das medidas do governo, 39% reconhecem como uma gestão regular, 28% avaliam como ruim ou péssima e apenas 22% dizem ser ótima ou boa.

Repúdio da população aos cortes de gastos públicos do governo e privilégios de castas 

A pesquisa foi realizada pouco mais de duas semanas após o anúncio do novo pacote fiscal por Haddad no dia 27 de novembro. O conjunto de medidas prevê cortes de gastos em benefícios sociais e direitos para adequar o orçamento ao arcabouço fiscal (novo teto de gastos). 

De acordo com a pesquisa, 74% dos entrevistados são contra a limitação do aumento real do salário mínimo de acordo com as regras do arcabouço fiscal, como proposto por Haddad. Pela proposta, o salário só poderia crescer 2,5% acima da inflação, independente do crescimento da arrecadação e do PIB do País.

A medida do governo também vai impactar os programas sociais que têm como referencial de acesso o valor do ganho, como o abono salarial. Atualmente, o direito é pago para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.824). O governo quer limitar o acesso para trabalhadores que ganhem até R$ 2.640 e, nos anos seguintes, manter a redução até chegar a 1,5 salário mínimo. 

Povo contra privilégios

Quando questionados sobre propostas que limitam privilégios, a maioria dos entrevistados se posicionou a favor. A proposta de fixar uma idade mínima de 55 anos para militares se aposentarem obteve 73% de aprovação na pesquisa. Atualmente, militares passam à reserva sem tempo mínimo de contribuição.

No mesmo sentido, 54% se declararam contrários à existência de supersalários no funcionalismo público e se posicionaram favoráveis a limitar um teto de 44 mil reais mensais para cargos públicos.

Atualmente, não há teto de salários. Cargos como a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) chegam a receber 80 mil reais mensais. Outros casos, como os salários de R$ 260 mil do general Joaquim Silva e Luna, quando presidiu a Petrobras, corroboram a opinião.   

Há a convicção generalizada entre os entrevistados que os recursos públicos não são utilizados corretamente. Uma parcela de 45% afirma que há dinheiro suficiente para dispor nos investimentos sociais, mas que os recursos são mal aplicados. Outra fatia considerável, de 35%, diz que não há dinheiro o suficiente, mas que o pouco recurso existente não é utilizado corretamente.

As massas repugnam a economia do governo

A imensa desaprovação da população à gerência de Haddad na economia corresponde ao reconhecimento das medidas antipopulares do governo de Luiz Inácio. Aproximando-se da conclusão do segundo ano de mandato, todos os projetos econômicos aprovados visam o corte dos serviços públicos. Ao mesmo tempo em que faz parte dos planos de Luiz Inácio o pagamento das emendas parlamentares bilionárias para deputados e senadores do Congresso Nacional. 

Fernando Haddad, por ser chefe do Ministério da Fazenda e “vitrine” das reformas antipovo, concentra a queda na popularidade por conta dessas medidas de austeridade fiscal – um problema, quiçá, para o PT de 2026, caso decida lançar Haddad como sucessor de Luiz Inácio. Um destaque, contudo, é que apesar de Haddad ser o responsável imediato pelas reformas, as medidas são impulsionadas, aprovadas e mesmo formuladas em conjunto com o próprio Luiz Inácio. Não à toa a desaprovação popular sobre o próprio mandatário está em alta, conforme revelado na última pesquisa Genial/Quaest.

Soma-se ao rechaço das massas a sua percepção da piora nas condições de vida. Em outubro, a inflação voltou a crescer no país, puxada pela alta na energia elétrica e na alimentação, sobretudo da carne, hortaliças e café. Além disso, a cesta básica aumentou em todas as cidades do Brasil em relação a 2023, com destaque para Campo Grande (MS) (14,47%), Goiânia (GO) (12,19%), Brasília (11,19%) e São Paulo (SP) (10,56%). 

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