A aprovação do governo de Luiz Inácio (PT) está estagnada abaixo de 30% e continua menor que o índice de reprovação, registrado em 38%, segundo uma pesquisa divulgada hoje (05/04) pelo Instituto DataFolha.
A pesquisa registrou uma alta na aprovação em comparação a fevereiro, quando estava em 24%, e a reprovação caiu em três pontos percentuais em relação ao mesmo período. O resultado é diferente dos índices apresentados pelas pesquisas Genial/Quest e Atlas/Intel nesta semana. Ambas registraram queda na aprovação e aumento na reprovação.
Mesmo com a alta, os números continuam sendo o segundo pior resultado do terceiro governo Luiz Inácio. Sinal de que, mesmo que o mandatário tenha conseguido estagnar a queda de aprovação com os investimentos em áreas sociais – como a gratuidade nos remédios da Farmácia Popular – que foi forçado a fazer para conter o rechaço popular, Luiz Inácio ainda não conseguiu reverter a avaliação principalmente negativa do seu governo.
Isso porque a avaliação negativa cresceu justamente por conta da falta de comprometimento com o programa eleitoral, expressa nos cortes na Saúde e Educação em várias ocasiões entre 2023 e 2024, na falta de política para entrega de terras aos camponeses pobres sem terra, na manutenção do orçamento secreto e do teto de gastos – agora como “emendas parlamentares” e “arcabouço fiscal” – e no programa econômico de direita que tem permitido a alta violenta dos preços e dos juros.
Expressão disso é que, mesmo tendo sucedido o esdrúxulo governo ultrarreacionário de Jair Bolsonaro (PL), marcado pela alta no custo de vida (inclusive dos alimentos, cuja inflação chegou a 14% e superou a inflação geral em três anos do governo de extrema direita), corte de direitos, genocídio das massas populares na pandemia de Covid-19, casos de corrupção e supersalários no governo e nas Forças Armadas e outras abominações, o governo de Luiz Inácio não consegue ser visto como muito melhor que o anterior: segundo a pesquisa, 29% dizem que a vida piorou no atual governo, 28% acham que a vida melhorou e outros 42% dizem que a vida permaneceu igual. O dado é interessante porque, se 42% consideram que a vida permaneceu igual, e a vida atual é considerada ruim, significa que as amplas massas rejeitam tanto a extrema direita de Bolsonaro quanto o oportunismo petista.
Essa rejeição é forte nas massas mais profundas das massas populares: a aprovação só cresceu um ponto percentual (dentro da margem de erro) na nova pesquisa DataFolha – seguindo no patamar bem baixo se comparado aos 44% dessa faixa que avaliavam o governo positivamente em dezembro. Entre os que ganham de 2 a 5 salários mínimos, a taxa de avaliação cresceu mais, mas manteve-se baixa, indo de 17% a 26%. A melhor avaliação é entre os que ganham mais de 10 salários mínimos – passou de 18% para 31%.
Regionalmente, o Nordeste segue a liderar a avaliação positiva com 38%. É uma alta em comparação a fevereiro, quando o índice batia 33%, mas que não mostra uma grande recuperação se comparada à queda entre dezembro e fevereiro. No final de 2024, o índice positivo no Nordeste era de 49%. A região é importante porque há uma grande presença de massas populares empobrecidas, sobretudo de camponeses, e é considerada pelo PT um ponto de apoio eleitoral.
O governo também não conseguiu, com as insuficientes medidas sociais/eleitorais, oferecer uma boa perspectiva para as massas ou convencê-las de que haverá uma mudança real: 35% acham que o governo, daqui para frente, será ruim ou péssimo – resultado idêntico aos que acham que os próximos anos serão ótimos ou bons. Outros 28% pensam que será regular.