De Bush a Blinken: Demagogia e apoio militar ianque ao sionismo prevalecem 

Foto: Banco de Dados AND

De Bush a Blinken: Demagogia e apoio militar ianque ao sionismo prevalecem 

Documentos britânicos liberados em janeiro revelaram que George W. Bush (à época em que era presidente do Estados Unidos) ordenou à Agência Central de Inteligência (CIA) do USA que encontrasse um novo líder para a Autoridade Palestina (AP). A ordem para a substituição de liderança de uma organização popular da nação do Oriente Médio veio após o fracasso dos “acordos de paz” entre Israel e Palestina no Camp David, nos anos 2000, e também em seguida ao início da Segunda Intifada Palestina, em 2001, o que contrariou os interesses do USA de cessar-fogo entre as duas forças para a posterior subjugação da Palestina.

Os documentos, que foram divulgados pelo monopólio de imprensa britânico BBC, registram uma conversa entre o presidente genocida ianque e o então primeiro-ministro britânico, Tony Blair. No diálogo dos imperialistas, Blair afirmou que Yasser Arafat (então líder da OLP, figura capitulacionista da luta do povo palestino) era um fardo, que “havia chegado aos limites do que ele poderia fazer construtivamente” e que “não havia mais nada a oferecer”. Bush concordou com as afirmações e descreveu Arafat como “fraco e inútil”.

O presidente ianque revelou então que ordenou à CIA que encontrasse um sucessor, mas que apesar da agência do imperialismo ianque  ter “investigado a cena palestina minuciosamente”, não encontrou um “sucessor disponível”.

Na conversa, é revelado também que Bush esperava que Ariel Sharon, o novo primeiro-ministro israelense eleito em 2001, conseguisse usar a Faixa de Gaza para instigar a divisão entre os palestinos. Em 2001, Bush também ordenou à Arafat que encerrasse a intifada e que negociasse com Israel – “ordem” não cumprida pelo líder palestino.

Apesar dos documentos comprovarem a ordem de Bush à CIA em busca de um novo líder para AP (sendo mais um exemplo que se soma à longa de lista de intervenções diretas ou indiretas do imperialismo ianque em países semicoloniais para a submissão ainda maior destes países pela substituição de líderes que não cumpram, em alguns aspectos, os interesses do USA), o desagrado que Arafat causava no ex-presidente genocida ianque não é novidade. 

Uma reportagem de 2002 do monopólio ABC News intitulada “Bush quer Arafat substituído” (Bush wants Arafat replaced, em inglês), revela o desejo do ex-cabecilha do imperialismo ianque de encontrar um novo líder palestino que fosse ainda mais submisso que Arafat aos interesses do USA. Por mais que Arafat já tivesse aberto mão de uma luta consequente por parte da Resistência Nacional que garantisse a integridade territorial, tendo apoiado os discursos de solução bi-estatal desde 1988 e assinado os Acordos de Paz de Oslo de 1993 e 1995, sua submissão parcial não era ainda suficiente para o imperialismo ianque. Pressionado pela grande resistência das massas palestinas, Bush temia que Arafat fosse “influenciado” a não seguir os ditames do imperialismo. Para este, era necessário um fim imediato e completo da Resistência Nacional e a submissão integral da Palestina. Tal promessa, Arafat não podia cumprir pois sabia bem que sua atuação capitulacionista à frente da OLP era incapaz de controlar a rebelião das massas, mesmo que bastante útil aos propósitos de lançar confusão no seio do povo (e, neste sentido, também convergente aos intentos imperialistas). 

À época, Bush almejava  uma reforma institucional e de segurança na Palestina, baseada no desarmamento do país árabe frente ao Estado de Israel (este, fortemente armado sob o apoio militar do USA). Nas palavras do presidente imperialista ianque, a “paz requer um novo e diferente líder palestino”, “eu conclamo o povo palestino a eleger novos líderes, líderes não comprometidos com o terror [título infame dado pelo USA à resistência empreendida pelas nações por ele oprimidas]”. 

Fingindo um apoio à soberania da Palestina, Bush afirmava que era a favor da saída das tropas israelenses do território palestino, desde que os palestinos elegessem novos líderes, novas instituições e novos acordos de segurança. Ou seja, ou a Palestina se subjuga integralmente aos planos econômicos, militares e políticos do USA ou seguirá constantemente atacado militarmente pelo terrorismo sionista que causa ao povo palestino mortes, torturas e milhares de presos, pelo Estado de Israel, armado e financiado pelo imperialismo ianque. 

Sobre a possibilidade de um Estado palestino, Bush colocava ainda mais ressalvas e condições que garantiriam a completa subjugação da Palestina. Além da demagógica solução de “dois Estados”, o genocida ianque afirmava: “Quando o povo palestino tiver novos líderes, novas instituições e novos acordos de segurança com os seus vizinhos, os Estados Unidos da América apoiarão a criação de um Estado palestino, cujas fronteiras e certos aspectos da sua soberania serão provisórios até serem resolvidos como parte de um acordo final no Oriente Médio”. 

Estratégia de Bush segue sendo aplicada pelo imperialismo ianque

A estratégia aplicada por Bush para a subjugação da Palestina segue sendo empregada atualmente pelo imperialismo ianque, sobretudo com a escalada do conflito entre Israel e Palestina e o crescimento robusto da Resistência Nacional frente à agressão sionista. Eventos recentes demonstram essa continuidade: 

No dia 30 de janeiro, em visita à Israel, o secretário de Estado do USA, Anthony Blinken, afirmou que torce para a restauração da calma no Oriente Médio, mas que “é importante que o governo e o povo de Israel saibam que o compromisso da América [no caso, USA] com a sua segurança permanece coberto com ferro. Esse compromisso foi sustentado por quase 75 anos e nunca estremeceu. Nunca irá”.

Sobre a solução dos “dois Estados”, Blinken declarou que “qualquer coisa que nos mova para longe dessa visão é – em nosso julgamento –, detrimentário para a segurança de Israel a longo prazo e sua identidade a longo prazo como um Estado democrático judeu”. Blinken não mencionou os milhares de assentamentos ilegais de Israel nos territórios palestinos, resultado das operações cotidianas feitas por militares e civis sionistas e responsável pela demolição de casas, queima de plantações e roubo de terras férteis do povo palestino pelos sionistas. 

Menos de um mês depois, após um novo massacre sionista na Palestina deixar dez mortos, o porta-voz do Departamento de Estado do USA, Ned Price, declarou que apesar de lamentar as mortes palestinas, “reconhece os problemas de segurança muito reais enfrentados por Israel”. 

Tal é a estratégia do imperialismo ianque. No plano externo, mantém sua face demagógica: afirma a vontade de ver a solução do conflito e diz que apoia a solução dos dois Estados desde que precedido da submissão total da Palestina. Ao mesmo tempo, se pronuncia por meio da ONU (organismos à seu serviço, como corresponde à condição de superpotência hegemônica única) a favor da paz do Oriente Médio. No plano interno, segue apoiando militarmente o Estado de Israel como sua ponta de lança no Oriente Médio, usando-o na disputa contra o imperialismo russo pela hegemonia na região. Nesse processo de apoio militar, o imperialismo ianque acumula bilhões de dólares (anualmente, o USA extrai 3,8 bilhões de dólares de Israel em gastos militares, além de gastos adicionais – o que equivale a R$ 19,7 bilhões) e garante que Israel terá a capacidade militar de empreender as guerras de agressão e operações de terror contra os povos e nações oprimidas no Oriente Médio e, assim, garantir os interesses ianques na região.

Dessa forma, o imperialismo ianque segue à risca a lei do imperialismo e perpetua, para a garantia de sua própria existência, não somente o genocídio do povo palestino, mas a agressão contra quaisquer países que se opõem a seus planos imperialistas de dominação do Oriente Médio, para fins de extração de suas riquezas e exploração absoluta dos seus povos. Enquanto criticam o imperialismo russo pela invasão promovida por este contra a Ucrânia, os ianques fazem o mesmo, de maneira cotidiana, no Oriente Médio, tendo como principais alvos a Palestina, acossada dia sim e outro também pelas tropas sionistas, o Irã, constantemente alvejado por mísseis ianques e principalmente israelenses, e do Iraque, invadido pelo mesmo George W. Bush no ano de 2003 (com um saldo de mais de 400 mil iraquianos mortos) e ocupado até hoje por tropas do USA. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: