Delação de Mauro Cid pode agravar crise militar com citações de generais da reserva

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid ao STF e à PF pode indicar a participação de generais da reserva na articulação e agitações golpistas, segundo a jornalista Mônica Bergamo. Com os desdobramentos, a crise militar se agrava.
Mauro Cid deve citar Augusto Heleno, Eduardo Pazuello, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto em delação. Foto: Sergio Lima/Poder 360

Delação de Mauro Cid pode agravar crise militar com citações de generais da reserva

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid ao STF e à PF pode indicar a participação de generais da reserva na articulação e agitações golpistas, segundo a jornalista Mônica Bergamo. Com os desdobramentos, a crise militar se agrava.

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid (agora reservista) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Polícia Federal (PF) pode indicar a participação de generais da reserva na articulação e agitações golpistas, segundo a jornalista do monopólio de imprensa Folha de São Paulo, Mônica Bergamo. Todavia, o tenente-coronel não deve cruzar os limites impostos pelo Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), e não apontará generais da ativa.  

Segundo a colunista, os generais reservistas Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Eduardo Pazuello e Braga Netto devem ser citados por Mauro Cid. São, todos, generais envolvidos indiretamente nos episódios do 8 de janeiro.

Augusto Heleno foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro e é destacado suspeito por vínculos com a súcia bolsonarista. Em 2022, o GSI de Heleno recebeu visitas de pessoas que acampavam nos quartéis e de outras que, mais tarde, participaram da segunda bolsonarada, de acordo com reportagem da Agência Pública. Em junho deste ano, durante depoimento na CPMI do 08/01, Heleno descreveu os acampamentos como um “local sadio”.

O general Braga Netto, ex-vice de Bolsonaro, também é outro conhecido pela sua aproximação estreita com a agitação golpista. Ao longo de 2022, o general intermediou reuniões com o Alto Comando do Exército (o mesmo que ainda exerce o comando  da Força) onde discutiram a implementação de um Estado de Defesa no país, teve reuniões com Bolsonaro e comandantes das três forças após a derrota eleitoral do ex-presidente e visitou acampamentos bolsonaristas. Nas visitas, Braga Netto clamou para que os acampados não perdessem a fé. Pazuello e Ramos também tiveram forte proximidade com Bolsonaro ao longo do governo. Ramos, em 2020, chegou a ameaçar o povo brasileiro com um golpe, ao destacar para “o outro lado” (oposição ao governo genocida de Bolsonaro) não “esticar a corda” caso não quisesse um golpe nos moldes abertos de 1964. 

Caso a citação de Mauro Cid aos três generais reservistas se confirme, a crise militar vai se agravar. Provocada pela exposição a olhos nus da atuação golpista planificada e do contundente rechaço popular à ela, sobretudo nos últimos anos, a base de tal crise nas Forças Armadas reacionárias é a abalada coesão do ACFA (entre generais da ativa e da reserva, neste caso). Ademais, é tido como certo pelos analistas burgueses que Bolsonaro deve complicar-se mais ainda – os mesmos monopólios de imprensa afirmam que toda família será implicada por tomar parte no caso das jóias. Isto não deve, porém, mudar a tendência principal que é que o ex-presidente genocida não seja preso por agora.

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