A Corte Internacional de Justiça (CIJ) decidiu no dia 26 de janeiro que há possibilidades que de que o Estado sionista de Israel seja oficialmente julgado por crime de genocídio contra os palestinos da Faixa de Gaza. O documento lido pela presidente do tribunal, Joan Donoghue, afirma que “alguns atos parecem se enquadrar na convenção sobre o genocídio”. A decisão é mais um passo no isolamento político crescente do Estado de Israel, conquistado pelos feitos da Resistência Nacional Palestina.
A decisão da CIJ justifica o prosseguimento do caso na corte e estabelece algumas medidas provisórias a serem seguidas, dentre elas a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e a ordem de que o governo de Netanyahu tome “medidas para proteger os palestinos” e para “impedir e punir o incitamento ao genoc´dio por parte de militares que atuam na ofensiva em Gaza”. Tel Aviv terá que apresentar, no prazo de um mês, um informe minucioso sobre as ações tomadas no sentido das exigências da corte.
Independente dos desdobramentos práticos, a decisão é uma vitória imediata da Resistência Nacional Palestina. O partido político palestino Hamas saudou a “decisão da CIJ, que indiciou o Estado ocupante sob a acusação de genocídio” e declarou que o aceite da denúncia “abre caminho para que os líderes inimigos sejam responsabilizados por estes crimes [genocídio]” e é um passo importante para “isolar” e “expor os crimes” de Israel.
Com os novos desdobramentos, o isolamento político oficialmente reconhecido que o Estado de Israel enfrenta torna-se cada vez mais escancaradamente sem precedentes nos 75 anos de existência da entidade. A agressão sionista contra Gaza e a Cisjordânia nos últimos anos teve aumentos absurdos, com números recordes de palestinos assassinados em 2022 até então, mas movimentos de condenação de Israel eram inexistentes nos organismos internacionais. Desde o lançamento do Dilúvio de Al-Aqsa em 7 de outubro, a situação se alterou. Além das massas populares de todo o mundo terem se levantado em protestos cotidianos contra o Estado de Israel e a agressão sionista contra o povo palestino, a Resistência Nacional Palestina conseguiu, por meio dos feitos militares e políticos, impor um isolamento crescente de Israel frente a governos antes próximos da gestão sionista e em organismos internacionais, como agora na CIJ.
É evidente que há limitações na decisão da corte, por mais que essas estreitezas não anulem a vitória do povo palestino no tribunal internacional. A CIJ não exigiu o fim das agressões sionistas ou da invasão sionista em Gaza. O organismo vinculado à ONU também não esclareceu, na forma de medidas concretas, o que o Estado sionista deve fazer para proteger os palestinos ou impedir e punir o incitamento ao genocídio por parte dos militares israelenses.
USA tenta abafar isolamento político de Israel
Enquanto isso, por fora da corte, as potências e superpotências imperialistas se movimentam para abafar os impactos do isolamento político de Israel.
O USA e a ONU acataram de imediato, nas últimas horas, as denúncias infundadas do Estado sionista de Israel de que agentes da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) participaram do 7 de outubro.
Mesmo sem provas para a alegação absurda, as consequências foram graves e imediatas. O USA cortou todo o financiamento da UNRWA, e é provável que potências imperialistas europeias sigam o mesmo caminho. O corte significa um desfinanciamento gravíssimo para a agência que opera centros de refugiados, escolas e ajuda humanitária na Faixa, justamente no dia em que a CIJ exigiu que o Estado de Israel deixasse de restringir e permitisse a entrada de ajuda no território palestino – dentre eles os caminhões da UNRWA.