Os imigrantes venezuelanos deportados pelo governo do ultrarreacionário Donald Trump para o El Salvador estão enfrenando “tortura, espancamentos e até mesmo a morte”, segundo um juiz federal norte-americano que disse que Trump atropelou a legislação ianque ao enviar os venezuelanos para o País por meio de uma lei do século XIX e sem audiências. A informação foi veiculada na imprensa norte-americana hoje (24/3).
A justificativa de Trump foi que os deportados eram membros de gangues – o que não justificaria a aplicação de uma lei de guerra para a deportação. Mas, além disso, a acusação carecia de provas e, depois da deportação, um funcionário do Serviço de Imigração e Alfândega do EUA reconheceu em uma declaração juramentada que muitos dos deportados não tinham antecedentes criminais no EUA, segundo o monopólio de imprensa abc News.
Apesar da ilegalidade, o governo Trump vai continuar com as deportações. No dia 21 de março, o presidente ianque anunciou que vai deportar mais de meio milhão de imigrantes de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Haiti. Ao todo, 530 mil imigrantes terão o status legal temporário revogado para serem deportados.
As deportações de Trump são uma escalada da política chauvinista ianque contra as massas imigrantes, pessoas que abandonam seus países por conta das crises causadas pelo próprio imperialismo – no caso das massas latino-americanas, principalmente o ianque – e que buscam uma falsa promessa de vida melhor nas potências e superpotências. Ao chegarem lá, contudo, são empurradas aos piores trabalhos, muitas vezes sem direitos mínimos.
No ano passado, um desses casos veio à tona depois que o Departamento de Trabalho da Carolina do Norte multou a fazenda Barnes Farming Corporation pelas situações degradantes impostas aos trabalhadores: falta d’água, pouquíssimos intervalos de cinco minutos entre jornadas de horas constantes sob temperaturas de 32° Celsius (°C) e a falta de um local para repouso a não ser um ônibus sem ar condicionado estacionado sob o Sol. As condições eram tão exaustivas que o camponês José Arturo Gonzalez Mendoza, de 29 anos, morreu pelo calor.
O setor agrícola, no qual 70% dos trabalhadores são estrangeiros e mais de três quartos são hispânicos, tem a maior taxa de mortes no local de trabalho, mas setores como transporte e construção também registram números elevados, de acordo com o Birô de Estatísticas de Trabalho do EUA. Em março de 2024, seis trabalhadores latino-americanos morreram em Baltimore quando a ponte que eles estavam consertando desabou. Semanas depois, um ônibus que transportava trabalhadores rurais mexicanos para os campos caiu na Flórida. Oito pessoas morreram, segundo o monopólio de imprensa BBC.
Além de enfrentarem as condições degradantes de trabalho, os imigrantes vivem em constante situação de instabilidade pela falta de um visto permanente. É uma forma do Estado imperialista ianque absorver as massas em condição ilegal para incorporá-las nas condições mais deploráveis possíveis e, ao mesmo tempo, conseguir livrar-se de uma quantidade de força de trabalho quando assim se faz necessário à economia imperialista.
Trump tem deportado os imigrantes sob a justificativa de “segurança nacional” – atrelando os imigrantes a cartéis criminosos –, tal como na questão das tarifas, para conseguir atropelar o Congresso Nacional e o Judiciário com decisões unilaterais. Uma medida que expressa o crescente absolutismo presidencialista no EUA, expressão do processo de reacionarização com tendência ao fascismo na superpotência hegemônica única.