Na noite de 17 de dezembro ocorreu um incêndio de grandes proporções que atingiu várias palafitas (casas de madeiras típicas de construções ribeirinhas) e casas de madeira em sua maioria da Favela do Bodozal, no bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus. Vários trabalhadores tentavam salvar seus poucos pertences das residências que estavam sendo consumidas pelo incêndio e nas proximidades, enquanto os demais participavam ativamente no combate ao fogo, seja auxiliando o Corpo de Bombeiros Militar, seja carregando baldes de água.
Ainda de acordo com os trabalhadores, o incêndio iniciou por conta da explosão de um botijão de gás. Como o bairro fica próximo ao Rio Negro, no momento do incêndio o vento estava forte, e outro fator fundamental foi a curta distância entre as palafitas que facilitou a rápida proliferação do fogo, segundo o Corpo de Bombeiros.
Até o momento nenhuma pessoa evoluiu a óbito, contudo, a Secretaria de Estado da Saúde informou o atendimento de 17 vítimas nas unidades de saúde, em sua maioria os atendimentos foram por conta de intoxicação por inalação de fumaça. Os casos mais graves foram transferidos para unidades de referência.
A defesa civil municipal estima que este seja o maior incêndio da história de Manaus, no qual cerca de 600 a 700 casas foram destruídas; cerca de 500 famílias foram atingidas e, destas, 350 perderam tudo.
Devido às proporções do incêndio, foram mobilizados todos os postos do Corpo de Bombeiros do Amazonas. A estimativa é que cerca de 100 mil litros de água tenham sido empregados durante as primeiras horas do incêndio, sendo que o controle efetivo do mesmo só ocorreu às 0h40 do dia 18, conforme o subcomandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Josemar Santos.
Acidente não, mas sim descaso do velho Estado
Um incêndio semelhante ocorreu no ano de 2012, no qual cerca de 300 famílias perderam tudo. Lá, tal como neste incêndio acima referido, os fatores fundamentais para rápida proliferação do fogo foram a curta distância entre as palafitas e também entre as casas de madeira e as condições precárias de moradia.
No entanto, este cenário se deve fundamentalmente à ocupação desorganizada da cidade de Manaus, vários bairros até hoje ainda possuem muitas palafitas, enquanto outros possuem condições precárias.
Os recursos que faltam para habitação, segundo dizem reiteradamente os sucessivos prefeitos e governantes, no entanto, são destinados aos integrantes do velho Estado e às classes dominantes.
Na manhã do dia 19, pouco após um dos maiores incêndios da história de Manaus, os deputados estaduais do Amazonas reajustaram seus próprios salários, assim como os do governador, vice, secretários estaduais, conselheiros e auditores do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e Ministério Público do Amazonas (MP-AM). Segundo argumentam, o aumento está baseado no reajuste de 16,38% concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no final de novembro. Com o reajuste, o salário mensal do governador sai de R$ 15,4 mil para R$ 28 mil, enquanto do vice-governador, sai de R$ 13,8 mil para R$ 26 mil. Os secretários estaduais passam a ser R$ 23 mil.
Segundo dados divulgados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o polo industrial de Manaus faturou R$ 67,8 bilhões nos três primeiros trimestres de 2018 ou US$ 18,8 bilhões. Apesar da crise econômica, esses dados apontam crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2017, onde houve registro de um faturamento de R$ 58,8 bilhões. Cabe ressaltar que o Estado não cobra diversos impostos da grande burguesia e das companhias imperialistas instalada na Zona Franca, ou seja, pouquíssimos recursos são destinados ao gerenciamento do Amazonas. Outro detalhe é referente à sonegação de impostos que os mesmos realizam. Esse faturamento todo é transferido quase que totalmente aos países imperialistas, onde estão as matrizes dessas multinacionais, sobretudo o USA.