Pela primeira vez desde 2012, a maior parte dos brasileiros em idade de trabalhar não tem uma ocupação. Esse recorte está presente nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) até o mês de maio, divulgada no dia 30 de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de pessoas com idade para trabalhar desocupadas bate a taxa de 50,5%.
Apenas 49,5% das pessoas com idade de trabalhar estavam ocupadas no trimestre encerrado em maio. Segundo o IBGE, o número apresenta uma queda de cinco pontos percentuais em relação ao trimestre encerrado em fevereiro. O percentual de ocupação chegou a 49,5% representando a saída de 7,8 milhões de pessoas dessa categoria – uma queda de 8,3% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro.
A medição atual é a primeira após a pandemia que analisa o período trimestral. “Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, o nível da ocupação ficou abaixo de 50%. Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar está trabalhando. Isso nunca havia ocorrido na PNAD Contínua”, contextualizou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Ainda de acordo com o levantamento, a taxa de desocupação da população em geral no Brasil ficou em 12,9% no trimestre encerrado em maio, ante 11,6% até fevereiro. Essa categoria (desocupação) não considera os subocupados e os desalentados. Mesmo assim, o contingente de desocupados no Brasil entre março e maio atingiu 12,710 milhões. Isso significa mais 368 mil pessoas à procura de trabalho no trimestre até maio.
“É uma redução inédita na pesquisa e atinge principalmente os trabalhadores informais. Da queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões eram informais”, completou Beringuy.
A profunda crise do capitalismo burocrático, agravada pela pandemia (porém não causada por ela) mostrou toda sua força com perdas tanto entre os trabalhadores com carteira assinada quanto entre os informais. No trimestre até maio, os que tinham carteira assinada no setor privado eram 31,103 milhões, enquanto que, entre dezembro e fevereiro, atingiam a marca de 33,624 milhões.
A crise do capitalismo burocrático coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade ao combinar os piores indicadores sociais em um mesmo local e na mesma hora. E, todos os especialistas afirmam que é neste momento que o velho Estado teria de cumprir um papel para reduzir esse impacto e cumprir sua responsabilidade constitucional, tanto na redução da pobreza e das desigualdades como na garantia à vida da população. Porém, não é o que vem ocorrendo.
O presidente Jair Bolsonaro e seu governo de generais continuam chantageando os trabalhadores e ameaçando cortar o auxílio emergencial ou atrasando seu pagamento, enquanto propagandeia que a pandemia é uma mentira e que todos deveriam voltar a trabalhar. Assim, busca apenas mascarar sua falta de preocupação para com os pobres trabalhadores e sua lealdade aos grandes burgueses, latifundiários e corporações imperialistas.