Vinte e três anos. Essa é a diferença de expectativa de vida entre um morador do rico bairro de Moema, na zona sul da capital paulista, e da pobre Cidade Tiradentes, bairro da zona leste. Ao mesmo tempo, a taxa de mortalidade infantil em Perdizes, na zona oeste, é 23 vezes menor do que em Marsilac, no extremo sul de São Paulo.
Estes dados foram mostrados pelo Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo, publicado no dia 5 de novembro, comparando indicadores de 93 distritos. Os números mostram que dentro do “coração comercial” brasileiro – a maior metrópole da América do Sul – se concentram índices comparáveis aos dos países mais ricos e mais pobres do mundo.
Este é o cenário de desigualdade na mais rica cidade do Brasil, cenário este garantido por um capitalismo burocrático que, por sua vez, é sustentado com a semifeudalidade no país, expressa no latifúndio de velha ou nova roupagem, que gera miséria no campo e nas cidades.
Para se ter uma ideia, na luxuosa Moema, a média de idade das pessoas que morreram durante 2018 foi de 80,6 anos, índice comparado ao da Alemanha ou Dinamarca (ambos na Europa), onde a média é de 81 anos. Já na Cidade Tiradentes, a expectativa de vida é de 57,3 anos, um pouco mais que um morador da Somália, na África. A violência é tida como uma das responsáveis por mortes no distrito da zona leste.
“Isso mostra as complexidades de se viver em um lugar onde há uma desigualdade tão grande. Existem várias cidades numa só”, diz Carolina Guimarães, coordenadora da Rede Nossa São Paulo.
O mapa mostra ainda que a maior parte dos distritos da cidade não têm nenhum equipamento cultural como casas de show, bibliotecas, teatros ou cinemas, sendo este último tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no dia 03/11.
Foto ilustrativa