Dezenas de movimentos nacionais e internacionais declaram apoio à LCP e à luta camponesa

Dezenas de movimentos nacionais e internacionais declaram apoio à LCP e à luta camponesa

Dezenas de movimentos populares, entidades, organizações e personalidades democráticas tomaram posição em repúdio à criminalização da luta camponesa que está ocorrendo em Rondônia contra o movimento camponês Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e o Acampamento Tiago dos Santos.

No Maranhão, aproximadamente 25 entidades e movimentos emitiram nota conjunta onde denunciam a tentativa reacionária de criminalização da luta camponesa pelo legítimo direito à terra. As entidades denunciam também o cerco e o despejo violento de famílias sem terra, realizadas pela Polícia Militar (PM) sob o comando do governador coronel Marcos Rocha (PSL), no dia 10 de outubro; despejo ilegal e arbitrário, desrespeitando todas as prerrogativas de defesa jurídica dos trabalhadores.

Dentre as entidades maranhenses estão o movimento camponês Fóruns e Redes de Defesa dos Direitos da Cidadania do Maranhão, o Sindicato Estadual dos Bancários do Maranhão (SEEB/MA), Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas/MA), Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Cedro (Arari/MA), Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Fleixeiras (Arari/MA), Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo (SIDSERP-SB/MA), Associação dos Trabalhadores Rurais Quilombolas do Povoado Cheiroso (Itapecuru-Mirim/MA), Associação Quilombola do Povoado Carmo (Arari/MA), além de várias outras associações comunitárias, de moradores, de quilombolas e de trabalhadores do estado do Maranhão.

Na nota conjunta, os movimentos afirmam “prestar apoio e solidariedade às famílias do acampamento Tiago dos Santos e à LCP, que devido às mentiras que se espalham com voraz velocidade cria-se nas famílias, crianças, mulheres e idosos uma situação de insegurança, com sérios riscos dessas famílias sofrerem ataques das forças do Estado, como no caso Corumbiara”. Afirmam também que suas vozes “se levantam e se juntam a muitas vozes das lutadoras e lutadores do povo, fazendo ecoar nosso grito por um país justo, sem latifúndio, sem fome e que garanta a dignidade de todos os brasileiros”.

Movimentos e imprensa popular repercutem denúncia

Outros movimentos e personalidades pronunciaram-se em apoio aos camponeses de Rondônia, contra a criminalização dos que lutam pela terra ou repercutiram a denúncia, dentre eles o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) e a Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (Abrapo), que impulsionam a campanha de solidariedade; além da Liga Operária, Luta Pelo Socialismo (LPS), Brigadas Populares de Marabá/Pará, Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT), o diário Causa Operária vinculado ao Partido da Causa Operária (PCO), o Coletivo Marxista de Base Trabalhadores e Estudantes Revolucionários (Combate), a Mídia 1508, Casa Ninja Amazônia e a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB), dentre outros.

O Combate também emitiu nota, na qual presta “total solidariedade e apoio à LCP e à sua base” e condena o que chamou de “ação truculante e assassina desse velho Estado burguês-latifundiário”. “A Revolução Agrária deve permanecer, pois ela, e somente ela, é a chave necessária para uma mudança radical nas estruturas mantenedoras deste Velho Estado, podre, carcomido e fétido”.

As Brigadas Populares de Marabá relembram a história de colonização de Rondônia e a covardia feita com os camponeses, e recordam: “Diante das reações e resistências dos povos o velho Estado sempre esteva presente com suas forças repressivas, com a participação de pistoleiros contratados por latifundiários, para expulsar as populações das áreas de seus interesses, queimando benfeitorias, torturando, prendendo e assassinando. Daí centenas de assassinatos seletivos ou através de chacinas e massacres, nestes ultimo quarenta anos na Amazônia. Com a criminalização feita, as populações aparecem como criminosas e empresários e latifundiários, são tratados como vitimas”.

E sentenciam: “Nós, das Brigadas Populares vimos nos colocar em defesa dos direitos dos povos, contra qualquer ato de criminalização e de opressão contra estes, e nos solidarizar com a Liga dos Camponeses Pobres, na luta contra a militarização da Amazônia e na defesa dos territórios necessários à todas as famílias de quilombolas, indígenas e camponeses sem terra ou com pouca terra, e pela revolução agrária” (destaque da redação).

A nota do diário da Causa Operária afirma que “a criminalização da Liga do Camponeses Pobres pela imprensa golpista não é novidade, são classificados até como criminosos. Já acontece desde anos atrás – e ainda continua acontecendo – onde essas mesmas empresas de jornalismo fizeram uma imensa campanha que ja dura mais de uma década acusando a organização dos camponeses LCP de narcotraficantes para justificar um massacre contra as lideranças do movimento especialmente um ocorrido em 2016″. Além disso, o diário convoca: “É preciso denunciar, organizar e mobilizar a população em geral contra esse genocídio que está prestes a acontecer”. Já a CPT da região, criticando especialmente a imprensa pró-latifúndio, afirmou que “por meio de notas de repúdio, matérias e áudios em redes sociais, esses meios de comunicação escancaram seu objetivo: criminalizar a luta pela terra, estigmatizando como terroristas e criminosos movimentos sociais e defensores dos Direitos Humanos”. 

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) também emitiu nota, na qual traça um histórico recente de perseguições e se solidariza com a LCP. “O caso mais recente ocorre contra os(as) trabalhadores(as) rurais em Rondônia, no acampamento Tiago dos Santos, vinculado à LCP, que ocupa, há mais de dez anos, um latifúndio local numa luta contra grileiros de terra e o conluio das autoridades na região norte”. Depois contextualizou que os camponeses “vêm sofrendo intensa campanha de ataques da imprensa burguesa e do latifúndio, sofrendo ameaças da PM e a perseguição dos governos”. “Precisamos ampliar nossa solidariedade de classe para com essa comunidade camponesa em luta!”, conclui.

A Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) também pronunciou-se em solidariedade, rechaçou as acusações lançadas à LCP pela polícia e reforça a necessidade de “levar adiante a Revolução Agrária”, tomando todas as terras do latifúndio “sem indenização”, “como parte da luta pela Revolução Socialista!”. “Toda nossa solidariedade a LCP e aos lutadores do acampamento Tiago dos Santos!”, conclui.

A Coordenação Anarquista Brasileira denunciou também a tentativa de massacre contra os camponeses e de criminalização à LCP. “Diante disso, o que deve existir é a convicção de que a construção do poder popular só virá com uma aliança indígena, preta, camponesa e popular na organização da luta para viver e produzir nos territórios”, assevera.

Ato em Ouro Preto/MG

Conforme noticiado pelo AND, no dia 10 de outubro, professores e estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), organizados pelo Coletivo Engaja, realizaram ato político com faixas e cartazes na praça Tiradentes em Ouro Preto/MG em defesa dos camponeses.

Os apoios emitidos pelas organizações foram de encontro à convocação da LCP emitida em nota, onde esta conclama:

“Que os verdadeiros democratas e progressistas se levantem contra mais este crime anunciado e o banho de sangue contra os camponeses do Acampamento Tiago dos Santos”.

Em nota o Cebraspo e a Abrapo afirmaram: “A mobilização feita pelo Cebraspo, Abrapo e demais entidades e ativistas defensores dos direitos do povo foi muito importante para impedir um massacre à semelhança do que houve, por exemplo, em Corumbiara, em 1995”.


Leia a nota de 25 entidades democráticas do Maranhão na íntegra:

Nota pública de entidades maranhenses de repúdio à criminalização da luta camponesa, apoio e solidariedade ao Acampamento Tiago dos Santos e à Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Rondônia

OS FÓRUNS E REDES DE DEFESA DOS DIREITOS DA CIDADANIA DO MARANHÃO e demais Organizações da Sociedade Civil maranhense que esta assinam, vêm, tornar pública sua posição frente aos últimos fatos ocorridos no Estado de Rondônia, no que diz respeito ao assassinato de PM`s, a tentativa de criminalizar a luta camponesa pelo legítimo direito à terra e ao despejo violento de famílias sem terra, o que fazemos da seguinte forma:

1 – Tivemos conhecimento público através dos grandes meios de comunicação que no dia 03/10, dois PM´s de Rondônia teriam sido mortos em área próxima ao Acampamento Tiago dos Santos em Nova Mutum Paraná, distrito de Porto Velho. Isso levou a polícia a levantar como principal tese que teriam sido “as milícias da terra” responsáveis, com clara intenção de criminalizar os camponeses que estão em uma área próxima ao local onde os PM`s foram mortos;

2 – Segundo se noticiou, o primeiro Policial Militar que seria da reserva teria sido morto enquanto pescava na fazenda de um amigo, quando foi alvejado, já o segundo teria sido morto quando tentava resgatar o corpo do primeiro militar;

3 – Esses fatos desencadearam sucessivas acusações infundadas e eivadas de ódio contra os camponeses e à Liga e o envio de mais de 60 homens de grupos especiais e promessas de assassinato dos acampados. Além de terem impedindo a entrada de alimentos para as famílias e da violação de outros direitos básicos dos acampados;

4 – Assim, queremos REPUDIAR quaisquer tentativas de criminalização dos camponeses, suas organizações e sua legítima luta pelo direito à terra. Pois, muitos podem não saber, mas, o acampamento Tiago dos Santos, trata-se de mais de 600 famílias, 2.000 homens, mulheres e crianças que lutam por uma área pública de mais de 57.000 hectares, criminosa e ilegalmente grilada, roubada e usada pelo latifundiário Antônio Martins dos Santos, conhecido como Galo velho, que foi preso esse ano em julho na operação amicus regem (amigos do rei);

6- REPUDIAMOS VEEMENTEMENTE ainda, a ação de despejo do acampamento Tiago dos Santos realizada pela PM de Rondônia sob o comando do Governador Coronel Marcos Rocha, do PSL, no dia 10/10/2020 de forma ilegal, arbitrária, desrespeitando todas as prerrogativas de defesa jurídica dos trabalhadores. Uma ação violenta que apresenta a verdadeira face desse Estado policialesco que nega todo o Direito Constitucional do Povo.

5 – Da mesma forma, queremos prestar nosso irrestrito APOIO E SOLIDARIEDADE às famílias do acampamento Tiago dos Santos e a LCP, que devido as mentiras que se espalham com voraz velocidade cria nas famílias, crianças, mulheres e idosos uma situação de insegurança, com sérios riscos dessas famílias sofrerem ataques das forças do Estado, como no caso Corumbiara;

Por fim, queremos dizer, em alto e bom som, que nossas vozes se levantam e se juntam a muitas vozes das lutadoras e lutadores do povo, fazendo ecoar nosso grito por um país justo, sem latifúndio, sem fome e que garanta a dignidade de todos os brasileiros.

Lutar não é crime!

Povo unido e organizado luta e vence!

Assinam:

1- Fóruns e Redes de Defesa dos Direitos da Cidadania do Maranhão

2- Sindicato Estadual dos Bancários do Maranhão – SEEB/MA

3- Central Sindical e Popular Conlutas – CSP-Conlutas/MA

4- Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Cedro – Arari/MA

5- Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Fleixeiras – Arari/MA

6- Associação Quilombola do Povoado Carmo – Arari/MA

7- Associação do Povoado Félix – Arari/MA

8- Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Taboa – Arari/MA

9- Associação Comunitária do Povoado Santa Maria 2 – Urbano Santos/MA

10- Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo – SIDSERP-SB/MA

11- Associação dos Trabalhadores Rurais Quilombolas do Povoado Cheiroso – Itapecuru-Mirim/MA

12- Associação de Moradores São Raimundo Nonato – Itapecuru-Mirim/MA

13- Associação de Moradores e Trabalhadores Rurais do Povoado Cassó – Primeira Cruz/MA

14- Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Guaribas 1- Urbano Santos/MA

15- Associação Quilombola do Povoado Banana 1 – Vargem Grande/MA

16- Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Laje do Curral – São Mateus do Maranhão

17- Associação dos Trabalhadores Rurais e Quilombolas do Povoado Flores – Anajatuba/MA

18- Associação dos Trabalhadores Rurais e Quilombolas do Povoado Perimirim – Anajatuba/MA

19- Associação dos Moradores Quilombolas do Povoado Assuntiga – Anajatuba/MA

20- Associação dos Moradores Quilombolas da Ilha dos Tesos – Anajatuba/MA

21- Associação dos Trabalhadores Rurais e Quilombolas do Povoado Flexeiras

22- Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Campo das Bandeiras 1 – São Mateus do Maranhão

23- Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Campo das Bandeiras 2 – São Mateus do Maranhão

Camponeses marcham contra a criminalização da luta pela terra. Foto: Banco de dados AND

Movimentos internacionais declaram apoio aos camponeses

De acordo com o jornal Resistência Camponesa, o movimento popular e revolucionário Corrente do Povo Sol Vermelho, de Oaxaca, México, expressou sua solidariedade classista com as famílias do Acampamento Tiago dos Santos através de uma importante nota de apoio a luta destes camponeses que foram covardemente expulsos de suas terras pela PM a mando do latifúndio, através de um processo criminoso, no dia 10 de outubro.

O movimento enviou um ofício à Embaixada brasileira no México, assinado por diversas entidades democráticas, no qual exige o fim da violência contra os camponeses organizados pela LCP no Acampamento Tiago dos Santos, em Rondônia.

Ofício enviado à embaixada do Brasil no México exigindo o fim da violência contra os camponeses. Foto: Sol Rojo

A Corrente do Povo Sol Vermelho também publicou em seu sítio na internet uma importante nota de solidariedade à luta camponesa em Rondônia.

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