DF: Após atacar ambulantes, governador privatiza rodoviária na calada da noite

O governo reacionário, encabeçado por Ibaneis Rocha (MDB), segue atacando os direitos dos trabalhadores de Brasília com suas políticas privatistas e antipovo, ao mesmo tempo que prepara o solo para as eleições de 2026
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DF: Após atacar ambulantes, governador privatiza rodoviária na calada da noite

O governo reacionário, encabeçado por Ibaneis Rocha (MDB), segue atacando os direitos dos trabalhadores de Brasília com suas políticas privatistas e antipovo, ao mesmo tempo que prepara o solo para as eleições de 2026

O governador Ibaneis Rocha (MDB), na última sexta-feira (21/2), lançou mais uma vez a polícia contra os ambulantes, que se rebelaram e enfrentaram a força reativa do Estado. Poucas horas depois, às 00h de sábado (22/2), Ibaneis fez uma cerimônia na qual transferiu a Rodoviária do Plano Piloto para o grupo privado Consórcio Catedral. Na madrugada, ambulantes protestaram mais uma vez pelo seu direito à venda de seus produtos, com mais de 500 pessoas temendo ficar sem sustento com a proibição de permanecer na Rodoviária.

Contínuos ataques a ambulantes 

Desde o início de seu governo, o governador Ibaneis Rocha vem promovendo continuamente ataques aos ambulantes. O jornal AND tem denunciado estes ataques em suas matérias, tanto na rodoviária, quando um policial chegou a apontar um fuzil para o rosto de uma ambulante, quanto os ataques do governador ao Eixão do Lazer, em ambos expulsando os trabalhadores e tomando suas mercadorias.

Na sexta-feira (21/2), quando o governador enviou novamente uma ação conjunta da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal (DF Legal) com a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) para expulsar os trabalhadores, estes iniciaram uma manifestação contra os policiais, que atacaram os ambulantes com gás de pimenta. Ao monopólio de imprensa, a Secretaria do DF Legal afirmou que a operação “é de rotina e visa reprimir o comércio irregular”.

Apesar de haver ataques aos trabalhadores em diversas das ações do DF Legal reportadas pelo jornal AND, e dos ataques aos trabalhadores ocorridos na sexta-feira (21/2), estes afirmaram ao monopólio de imprensa Brasil de Fato que a entidade “não realiza abordagens violentas”.

Privatização da Rodoviária: um plano realizado na calada da noite

Poucas horas depois do ataque realizado a mando de Ibaneis Rocha, o governador consagrou a privatização da Rodoviária, entregando-a ao grupo privado Consórcio Catedral, à meia-noite do sábado (22/2).

A ação na calada da noite busca impedir o protesto popular, tendo em vista ter sido uma pauta extremamente criticada por todo o ano passado por diversas organizações e mesmo por parte da imprensa. O jornal AND também noticiou diversos atos que ocorreram denunciando a privatização da Rodoviária do Plano Piloto.

A privatização foi feita sob a forma de uma Parceria Público-Privada (PPP) e terá duração de 20 anos, prorrogáveis por mais 20. 

Além de o valor ter sido extremamente baixo, tendo em vista o lucro estimado – cerca de 120 milhões em reformas, o custo, para um lucro que apenas no primeiro ano estima-se ser de ao menos 240 milhões -, o grupo que a adquiriu ainda utilizou de verbas emprestadas por programas de incentivo econômico do próprio governo para pagar pela privatização, conforme denunciou o ativista Thiago Ávila na CLDF no ano passado

Conforme denunciado pelo AND, sindicalistas e ativistas locais denunciam que os novos donos da rodoviária poderão cobrar dos ônibus tarifas pelas vagas, o que pode aumentar o preço das passagens, além da possibilidade de cobrar aluguéis mais caros das lojas, o que aumentará ainda mais o preço dos produtos vendidos e o saque aos usuários de transporte público, que muitas vezes precisam se alimentar na rodoviária devido aos seus horários de deslocamento. 

Para os ambulantes, a situação é ainda mais incerta, pois, já perseguidos pelo GDF, não há garantia de que estes poderão manter a venda dos seus produtos no local. A regulamentação ou não ficará a cargo dos novos proprietários, assim como as regras e possíveis taxas.

Ainda serão privatizados os estacionamentos ao redor da rodoviária, que se tornarão estacionamentos rotativos. Estes estacionamentos são utilizados não apenas pelos usuários da rodoviária, como também por aqueles que desejam ir ao shopping Conjunto Nacional ou ao centro comercial Conic, que agora perderão estacionamento gratuito. Ambulantes também utilizam o espaço do estacionamento para a comercialização de alimentos na região.

Ibaneis entrega “regalias” para retirar direitos

Ativistas denunciam que, há algumas semanas, Ibaneis Rocha vem agindo de maneira diferente do usual, com a entrega de direitos sociais aos usuários de transporte público, como a tarifa zero aos domingos e a promessa de tarifa zero durante a semana. Um membro da Frente pelo Passe Livre DF e Entorno (FPLDE) acredita que estas medidas buscam viabilizar sua retórica de que o povo terá mais direitos sociais com a privatização, evitando assim a revolta popular.

“Ibaneis nunca entregou direitos sociais aos usuários de transporte público. Ao contrário, ano passado ele estava dizendo que fazia tempo que não aumentava tarifa. Da noite para o dia, ele aprova tarifa zero, ‘negocia’ para não aumentar o preço de passagem do Entorno e no seu discurso na privatização da rodoviária diz que a privatização é boa, que há dois anos a tarifa não aumenta? É, no mínimo, muito suspeito, para não dizer maquiavélico. Ele já prepara o solo para as eleições de 2026”, relata o ativista.

Em ato que houve no sábado (22/2) contra o aumento das passagens do Entorno, diversos estudantes denunciaram também os ataques de Ibaneis à população. Para um dos estudantes, faltou à manifestação pautar a privatização da rodoviária, pois também para ele as duas pautas são conectadas.

“Os aumentos foram revogados, mas a rodoviária segue sendo privatizada. Daqui a pouco as passagens vão aumentar ainda mais com a privatização. Nós já não temos emprego, o transporte já é precarizado, e é cada vez mais dinheiro que tiram de nós”, declarou o estudante.

Sob o pretexto de “segurança”, empresa privada aumentará o monitoramento da população 

Conforme declarou o representante da concessionária, Enrico Capecci, ao monopólio de imprensa Correio Brasiliense, o grupo iniciará, já desde sábado (22/2), a “Operação do Centro de Controle Operacional”, que, segundo o representante, terá “imagens em tempo real, com drones”.
Isto se encaixa perfeitamente com o projeto de reacionarização que vêm ocorrendo no DF a mando de Ibaneis. O governador já há meses prepara seu projeto de “combate ao terrorismo”, em que especialistas da Espanha no enfrentamento ao ETA treinam as forças reacionárias locais. Apesar de encobrir sempre com a consigna de segurança, estes programas se voltam principalmente para o monitoramento e ataque ao povo, e nada o demonstra melhor como a sua marca de atacar os ambulantes no mesmo dia em que restringe os direitos do povo ao transporte público de qualidade.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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