DF: Camponesas protestam contra liberação de agrotóxicos em Brasília

DF: Camponesas protestam contra liberação de agrotóxicos em Brasília

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Cerca de 300 mulheres camponesas ocuparam o Ministério da Agricultura na manhã do dia 09 de março, em protesto contra a liberação de novos registros de agrotóxicos.

As camponesas chegaram à Esplanada dos Ministérios pela manhã. Usando bonés e com os rostos cobertos bloquearam a entrada do prédio e jogaram tinta vermelha no chão em protesto contra as mortes causadas pela intoxicação de camponeses por agrotóxicos.

Segundo dados do DataSus, sistema de registro de casos de óbitos de pacientes que passaram pelo atendimento da rede pública de Saúde, pelo menos 700 trabalhadores morrem por ano na última década por envenenamento com agrotóxicos.

Durante o ato, as trabalhadoras também deixaram um caixão coberto pela bandeira do Brasil na porta do Ministério em alusão às mortes dos camponeses que são envenenados anualmente.  Ao lado foram colocados pás e frascos vazios do que representaria embalagens de agrotóxicos. 

Leia Também: Estudo revela o grau de intoxicação por agrotóxicos no Brasil

Os agrotóxicos, principalmente aplicados em larga escala nos latifúndios tradicionais ou de nova roupagem, chamados de “agronegócio” , são manuseados na maioria das vezes por camponeses submetidos à condições de trabalho servis e trabalhadores rurais em condições precárias de trabalho. Fato este que coloca essa grande parcela do povo sob sério risco de envenenamento.

 Além da liberação desenfreada dos agrotóxicos promovidos pelo governo dos generais do Alto Comando militar e do fascista Bolsonaro, o protesto, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), repudiou também a suposta distribuição de títulos individuais de lotes de terra para os assentados da “reforma agrária”.

Mulheres do Movimento Sem Terra ocuparam térreo do Ministério da Agricultura, em Brasília — Foto: Comunicação MST/Divulgação

UM VENENO SILENCIOSO E MORTAL 

Mesmo sem um prazo para registro automático, o Brasil liberou recentemente a maior quantidade de agrotóxicos de sua história. Foram 474 pesticidas, o maior número já documentado pelo Ministério da Agricultura, que divulga esses dados desde 2005. Do total, mais de 94% deles são genéricos. Em 2020 já ocorreram 48 novas autorizações.

Os agrotóxicos, principalmente aplicados nas propriedades de latifundiários,  tiveram seu uso intensificado nos últimos anos (avançando 20,4% na última década), na medida em que a concentração de terras nas mãos de poucos ricaços também registrou aumento significativo. 

Atualmente um pequeno grupo de empresas poderosas, transnacionais e multimilionárias produz e distribui agrotóxicos pelo mundo, sendo que, no Brasil, até o final de 2015 apenas 6 empresas da indústria química controlavam o setor da agricultura (produção e distribuição de agrotóxicos, sementes transgênicas, etc.):as alemãs Bayer e Basf; a suíça Syngenta, recentemente comprada pela imperialista chinesa ChemChina;  e as ianques Dow, DuPont e Monsanto.

Apesar de ser uma ferramenta de trabalho comum na agricultura, o uso indiscriminado e sem cautela dos pesticidas agrícolas causa sérios danos à saúde dos trabalhadores que manuseiam e tem contato com esses produtos, além de contaminar a água e o solo onde são aplicados e os alimentos que serão consumidos pelos trabalhadores da cidade.

A moradora da cidade de Luisiana no Paraná, Mauritânia Guedes, em entrevista ao monopólio de imprensa, denunciou: “a gente sente o cheiro forte do veneno entrando pela janela”. Na cidade cercada por lavouras, apenas a rua separa as casas da plantação em alguns Bairros.

Por uma luta consequente

A luta contra a imposição dos agrotóxicos é parte da luta dos camponeses, revolucionários, progressistas e democratas, contra o latifúndio e o imperialismo. 

O fato de o Brasil ocupar o 1º lugar de consumo desses produtos é expressão de sua condição semicolonial, assim como as estatísticas de recordes de produção de grãos só reforçam a condição de nosso país como exportador de commodities baseado na velha plantation colonial: monocultura voltada para exportação baseada nas mais atrasadas relações de produção, a serviço do aprofundamento da semifeudalidade e da dominação imperialista.

Coloca-se, mais que nunca, como justa e urgente, a tarefa de se defender e aplicar o “Programa Agrário de Defesa dos Direitos do Povo”, formulado no documento “Nosso Caminho” da LCP, para se promover uma transformação radical do campo em nosso país:

“O Programa Agrário Revolucionário da Liga dos Camponeses Pobres tem 4 (quatro) tarefas ou pilares fundamentais:

  1. Tomada das terras e destruição dos latifúndios pelos camponeses pobres organizados e distribuição das parcelas de terra para os camponeses pobres sem terra ou com pouca terra;
  2. Libertação das forças produtivas do campo através da eliminação de todas as relações de produção baseadas na exploração do homem com a adesão voluntária à Ajuda Mútua e outras formas de cooperação;
  3. Organização e exercício do Poder Político pelas massas nas áreas tomadas;
  4. Nacionalização e estatização das grandes empresas capitalistas rurais nas áreas tomadas e com o avanço da Revolução”.
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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