No dia 12 de abril ocorreu na Universidade de Brasília a exibição do documentário “Cadê Edson?”, acompanhado de uma mesa de debate sobre a luta por moradia e por terra no Distrito Federal (DF) e em todo o país. Após a exibição do filme, o Comitê de Apoio de Brasília realizou uma breve entrevista com Edson Francisco, ativista e protagonista do filme.
O filme “Cadê Edson?” é um documentário produzido em 2020 sobre a luta por moradia no DF no ano de 2012. A obra audiovisual acompanha, pela trajetória de Edson Francisco, ex-dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e fundador do Movimento Resistência Popular (MRP), o percurso traçado por diversos movimentos sociais que lutam por moradia na região do DF. Ao documentar esse período, o filme retrata a perseguição sofrida pela luta por moradia no DF, a brutalidade da violência policial na repressão às ocupações e os processos sofridos por diversos ativistas.
A mesa que seguiu à exibição do documentário contou com a presença do próprio ativista Edson Francisco e da diretora do filme, Dácia Ibiapina. O evento contou ainda com a participação de estudantes, professores e ativistas da campanha em solidariedade ao MRP. Atualmente, o MRP é classificado pela justiça reacionária como “organização criminosa”. Edson Francisco, fundador do movimento, é julgado desde 2014 por essa criminalização.
Em entrevista ao AND, Edson comentou que o filme é um importante contraponto em relação à imagem perpetrada pelo monopólio de imprensa contra os movimentos de moradia.
Sobre sua ruptura com o MTST, Edson afirmou que os principais motivos foram o imobilismo da organização da organização frente aos megaeventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, promovidos na época do governo Dilma (PT) e a concomitante guinada do movimento em direção à política institucional. Segundo Edson, o movimento não era tão vinculado ao Estado no início:
— “Quando eu me aproximei do MTST, em São Paulo, ele tinha uma pegada diferenciada. Era proibido se candidatar. Quem fosse se candidatar, deveria sair do MTST e não voltaria mais como militante. Era uma espécie de estatuto do movimento”, afirmou o ativista.
Campanha denuncia perseguição a Edson e ao MRP
Atualmente, está em andamento uma campanha organizada por ativistas de diversos sindicatos, movimentos e organizações populares. Em nota, intitulada Não à criminalização do MRP! Lutar pro moradia não é crime! Pelo fim do processso judicial contra Edson e o MRP!, os ativistas informam que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios está prestes a finalizar o julgamento, em 1º instância, contra Edson e outros membros e ex-membros do MRP. O processo, que se arrasta há 9 anos, acusa Edson e o MRP de organização criminosa.
A nota ainda afirma que o caso “é mais um episódio da política existente no Brasil de criminalização dos lutadores e dos movimentos sociais, que recentemente também vitimou os companheiros Zé Rainha e Luciano, lideranças da FNL, que seguem presos sob acusações similares às que atingem o MRP”. O panfleto exige o fim dos processos contra Edson e os demais.