No dia 12 de dezembro, a garagem da Auto Viação Marechal, empresa de transporte público do Distrito Federal (DF) amanheceu com seus ônibus parados devido a falta de combustível. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, mais de 140 ônibus da empresa Marechal estão parados por falta de combustível, que afeta o trajeto de centenas de trabalhadores do distrito. Não há previsão para a empresa abastecer e só estão saindo da garagem veículos com tanque cheio e para destinos prioritários.
Os ônibus da Marechal circulam por boa parte do DF, mas prestam serviço principalmente em oito regiões da capital:
- Samambaia
- Taguatinga
- Ceilândia
- Recanto das Emas
- Águas Claras
- Guará
- Gama
- Santa Maria
As Regiões Administrativas (RA’s) mais afetadas são Ceilândia, Taguatinga e Vicente Pires, os ônibus com destino ao Plano Piloto foram liberados.
Não é o primeiro sinal de precarização do transporte público no DF, que afeta tanto os trabalhadores rodoviários quanto os passageiros. Em março, os funcionários da Marechal já haviam denunciado a falta de pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ocorrendo denúncias de funcionários que já não recebiam há meses, sendo que pela lei o FGTS deve ser depositado até o 7º dia de cada mês.
No início de novembro os rodoviários paralisaram por seis dias por atraso nos salários e pela situação precária dos veículos. Após a assembleia que definiu o fim da greve, no dia 06/11, os funcionários da Marechal foram os únicos que mantiveram a paralisação, pois a empresa foi a única que ainda não havia realizado os pagamentos do mês.
“A Marechal é uma empresa que não efetuou o pagamento. Todas as demais, o pagamento ocorreu na sexta-feira (03/11). Ela não fez esse pagamento, então existe uma evidente revolta maior desses trabalhadores”, informou João Osório, diretor financeiro do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal (Sittrater-DF) ao jornal Metrópoles.
As reclamações da população contra a empresa são constantes. Reclamações que vão desde atrasos, péssima qualidade nos serviços prestados e ônibus quebrando durante as viagens.
O site Mobilize Brasil verificou que o contrato assinado em 2013 com o GDF, no governo de Agnelo Queiroz (PT), que destinou 1,3 bilhão dos cofres públicos para a empresa, determinava a obrigatoriedade de renovar 100% da frota até este ano. Dos 464, apenas 101 veículos novos entraram em circulação durante todo esse período.
Dos 464 ônibus da empresa:
- 324 são do tipo básico;
- 78 são micro-ônibus;
- 33 articulados; e
- 29 básicos com cinco portas.
Pelo contrato, a vida útil da maioria dos veículos é de sete anos, exceto dos articulados, que podem circular por 10 anos. Quer dizer, a maior parte da frota já deveria ter sido trocada até 2020. A renovação ou incorporação de veículos, ao longo da concessão, deveria ter sido “feita por veículos zero quilômetro”, afirma o governo.
Mesmo com a não renovação da frota e o péssimo serviço prestado, a Marechal teve o contrato renovado pelo GDF no final de abril para continuar com o serviço por mais dez anos. A justificativa para prosseguir com a empresa é que a interrupção nos serviços “seria prejudicial aos usuários do transporte público coletivo”.
A empresa esteve envolvida no trágico acidente do dia 17 de novembro, que acarretou na morte da ativista Júlia de Albuquerque Violato, de 37 anos, e mais cinco pessoas feridas, onde um trem de carga colidiu contra um ônibus da empresa Marechal. O motorista do ônibus informou que o veículo era velho, com mais de 10 anos de uso, não tendo força suficiente para arrancar com o veículo da linha do trem.