DF: Ibaneis Rocha ameaça demitir mais de 5,2 mil cobradores de ônibus com fim da função

5,2 mil cobradores de ônibus correm o risco de perderem o emprego pela medida, enquanto os motoristas serão afetados por um aumento da exploração.
Ibaneis Rocha quer acabar com função de cobrador. Foto: Carlos Gandra e Renan Lisboa/CLDF

DF: Ibaneis Rocha ameaça demitir mais de 5,2 mil cobradores de ônibus com fim da função

5,2 mil cobradores de ônibus correm o risco de perderem o emprego pela medida, enquanto os motoristas serão afetados por um aumento da exploração.

No dia 1° de fevereiro, o governador reacionário do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB) afirmou durante um discurso na tribuna da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que a Secretaria de Transporte Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) está coordenando um projeto que visa acabar com a função de cobrador nos ônibus urbanos do Distrito Federal (DF), o que acarretaria na demissão de mais de 5.200 trabalhadores.

Além do desemprego em massa, o plano ameaça ainda o aumento da exploração sobre os motoristas, que terão que passar a desempenhar a dupla-função de motoristas e cobradores. No Brasil, é comum que, nesses casos, os motoristas, apesar do trabalho dobrado, não recebam adicional. 

João Jesus, presidente do Sittrater-DF, denuncia ainda que a retirada dos cobradores, além de um ataque aos trabalhadores, também afeta todo o povo. “Implica também em uma demora maior no embarque e no desembarque [dos passageiros]”, diz ele. Isso, fora o risco de aumento de acidentes pela divisão da atenção que não deveria existir.

Corte de verbas?

A justificativa do governador é a velha desculpa do “corte de verbas”. Segundo seus dados, o governo distrital economizaria 20% dos cerca de R$ 2 bilhões por ano que o governo paga de subsídio às empresas encarregadas do transporte público no DF. A afirmativa é contestada pelo Sindicato dos Rodoviários, que afirmou recentemente que nenhuma comprovação foi apresentada para corroborar com os dados indicados. 

Além disso, enquanto finge preocupação com o orçamento destinado ao transporte público, Ibaneis e sua base governista escondem que, em novembro do ano passado, foram aprovados R$ 142,9 milhões em crédito suplementar para as empresas de ônibus. A aprovação ocorreu um mês antes da empresa Viação Marechal, com uma das maiores demandas do transporte público no DF, ficar dias sem funcionar alegando “falta de recursos”. A mesma empresa recebeu, sozinha. R$ 267 milhões de repasses do governo de janeiro a novembro de 2023. 

A Viação Marechal também é conhecida pelos passageiros por funcionar com veículos velhos, com mais de dez anos sem trocar. Uma grave discrepância entre os incentivos milionários recebidos e o serviço precário oferecido. No ano passado, a passageira Júlia Albuquerque Violato morreu depois que um ônibus, sem força para atravessar a linha de trem, foi atingido pelo veículo ferroviário. 

A precarização do transporte público no DF é tão clara que até o próprio Ibaneis Rocha teve de assumir nesta mesma fala do dia 1º que o transporte não é bem avaliado pela população. Esquece de afirmar, entretanto, que ele é um dos grandes culpados por este fato, com seus ataques ao transporte público, como a aprovada privatização da rodoviária do Plano Piloto, amplamente denunciada pelo AND

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Tentando manobrar com a categoria, Ibaneis afirmou que os cobradores terão os empregos mantidos, apesar do fim da função, e que o plano será discutido com sindicatos. A promessa foi desmentida por trabalhadores. Ao Brasil de Fato, João Jesus afirmou que além do sindicato não ter sido informado em nenhum momento, também seria impossível que os cobradores mantivessem o emprego. Afinal, “se os empregos serão preservados, é evidente que o custo permanece”, conclui João.

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