Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) organizaram um ato para o dia 11/9, ao saber que a direção do Instituto de Ciência Política (IPOL) havia marcado um curso e uma palestra para os dias 11, 12, 18, 19 e 20 de setembro na UnB com o notório sionista Jorge Gordin, da Universidade Hebráica de Jerusalem. Após ficar sabendo da manifestação marcada pelos estudantes, o próprio IPOL desmarcou as atividades do sionista por medo do movimento estudantil.
Organização rápida e certeira
Logo que ficaram sabendo do curso que ocorreria, estudantes do IPOL, em conjunto de organizações independentes e combativas, se prontificaram a organizar a revolta estudantil. Em chamado feito no dia 10/9, estudantes escreveram que “a UnB já rechaçou no passado os acordos [da universidade] com o Estado sionista e genocida de Israel, não podemos deixar que esta universidade aceite palestrantes sionistas!”. Chamaram ainda “todos a comparecerem ao IPOL a partir das 15h para repudiar e impedir esta palestra”. O chamado foi logo atendido, e em poucas horas, haviam já organizado um ato combativo para o dia seguinte, em conjunto com diversas entidades e organizações estudantis, que tivesse como objetivo inviabilizar a aula do notório sionista.
No dia 11/9, temendo a revolta estudantil, o próprio IPOL cancelou as atividades assim que ficou sabendo da manifestação marcada para aquele dia. Em comunicado, afirmam que o cancelamento das atividades com o sionista tinham por objetivo “garantir a segurança da comunidade universitária”. Lamentam ainda o cancelamento, afirmando colocar o departamento à disposição aos interessados em “fazer debates sobre todo e qualquer tema, sempre com respeito às opiniões divergentes e à liberdade de cátedra”. Em grupos de mensagens, estudantes rechaçam a ideia de que a defesa do genocídio e da dominação de aparthaid que o Estado sionista inflinge sobre a Palestina seja um discurso aceitável e sua defesa uma simples questão de “liberdade de cátedra”.
Afirmam ainda os estudantes que estarão à postos para caso a direção do IPOL tente retornar com as atividades, e que ações semelhantes serão levadas à frente caso ocorra novamente a tentativa de levar sionistas para palestrar na UnB. Um dos estudantes independentes do IPOL que iniciou toda a mobilização afirma que esta situação gerou comentários entre estudantes de Ciências Políticas da importância de se defender a questão palestina com afinco e de se preparar acampamentos pela Palestina dentro da UnB. Em nota pública, a presidente do Centro Acadêmico de Ciências Políticas (CAPOL), Maynara Nafe, declarou que “o CAPOL está satisfeito com o cancelamento do mini curso e espera que a seleção dos expositores externos pelo IPOL seja rigorosa, com olhar atento sobre possíveis ataques à imagem da comunidade palestina, que passa por um período de genocídio e barbárie”
A ação dos estudantes está de acordo com a nota do Conselho Universitário pela paz na Faixa de Gaza, assim como a Moção contrária a qualquer cooperação da UnB com o Estado de apartheid de Israel emitida pela Associação dos Docentes da UnB (Adunb), e a própria reitora eleita assinou uma carta se comprometendo a não cooperar com Israel. Quanto a isso, um estudante de doutorado da universidade comenta ao correspondente local do AND que “se os educadores precisam ser educados, paciência. Os estudantes não vão ser cúmplices de um genocídio”
Sionismo de Jorge Gordin
Estudantes encontraram diversas postagens sionistas no Facebook de Jorge Gordin, professor da Universidade Hebráica de Jerusalém, em que este exalta o Exército Sionista de Ocupação. Em uma postagem compartilhada por Gordin, do Yoram Yuval, lê-se: “sou um sionista que ama o nosso país e não representa nenhum partido.” Em outra postagem, comentando uma matéria que relata críticas da Rússia a Israel pelo uso “indiscriminado e inaceitável de força contra os palestinos”, Jorge contenta-se com comentar, em se tratando do imperialismo russo, que enquanto isso este “aplaude em silêncio absoluto o assassinato de civis sírios com armas de gás”, sem tratar das agressões sionistas do exército que admira.