A construção da escola começou há quatro anos. No entanto, o projeto ficou parado por um longo tempo pela falta de verba e mão-de-obra, retornando à construção nos últimos meses. A construção da escola da aldeia se dá por meio dos esforços dos próprios indígenas com ajuda de alguns apoiadores, “sem apoio de governo nenhum”, como afirma o Cacique Francisco Filho Guajajara.
A estrutura do local da escola já está pronta, construída com madeira e bambu. Há eletricidade instalada, com lâmpada e pontos de tomada. Está separada em dois ambientes: uma sala de aula e uma biblioteca. Alguns itens já foram doados e levados para o local, já outros itens aguardam um estágio mais avançado da construção.
Sobre o andamento da construção, o Cacique afirma: “Agora já tá faltando só alguns arames para fazer amarração no bambu e o resto é só água e barro. A gente tava querendo passar um tijolozinho aí na frente, que quando chove a água vem, desce. Pra proteger um pouco” – devido ao terreno inclinado em que está sendo construída a escola.
A escola, para além da educação das crianças e jovens da aldeia, também servirá para o público externo que desejar participar de atividades culturais na aldeia. Há também a ideia de construção de uma horta para que as crianças aprendam a trabalhar com a terra, que também servirá a produção local e alimentação da comunidade – que não possui uma produção autossuficiente pela falta do básico para tornar as terras mais férteis, como adubo e água.
A ideia é que todos os professores sejam locais, para preservar a arte, a língua e os costumes. “Porque só nós que conhecemos nossa língua. Os parentes ao redor não conhecem nossa língua. E eu não conheço a língua deles”, afirma o Cacique.
Indígenas enfrentam pressão do setor imobiliário
A aldeia Teko Haw está localizada na Região Administrativa do Plano Piloto, em área próxima ao setor Noroeste de Brasília. Essa área, habitada por indígenas de diversas etnias, é cobiçada pelo setor imobiliário: o metro quadrado desta parte da cidade consta em diversas listas como um dos mais caros do Distrito Federal para venda e aluguel. Desde 2008, como o registro do Noroeste pela Companhia Imobiliária de Brasília – Terracap, as comunidades indígenas da região enfrentam pressão por parte do Estado e do setor privado. No novo bairro, as empreiteiras seguem construindo diversos condomínios de luxo, que contrastam com a penosa situação que enfrentam as comunidades indígenas que lá vivem.
A aldeia Teko Haw está realizando uma campanha de doações para a compra de materiais e pagamento de diárias de mão-de-obra para a construção da escola. Aos interessados em contribuir, a chave pix é: [email protected] (em nome de Júlia).
Imagem de destaque: Estrutura da escola erguida na aldeia Teko Haw. Foto: Comitê de Apoio