Caminhão com carnes tombou na estrada e trabalhadores famintos recolheram a carga. Foto: Reprodução.
Trabalhadores confiscaram as carnes de um caminhão frigorífico que tombou na BR-020 na cidade de Planaltina, no Distrito Federal (DF), no dia 29 de novembro. A Polícia Militar (PM) foi acionada para impedir o confisco, porém foi repelida pelos moradores.
Após o acidente com o caminhão frigorífico da empresa Novilho de Ouro, moradores da região abriram o baú para retirar a carne e alimentar suas famílias. No entanto, um funcionário da empresa que presta serviço de seguradora para o frigorífico, acionou a PM, que enviou equipes para o local.
Ao chegarem no local do acidente, os militares tentaram reprimir os moradores e impedir que eles pegassem as carnes. Foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo e disparados tiros de bala de borracha contra as massas famintas. Em resposta, os trabalhadores reagiram e atiraram pedras contra os policiais. Uma policial militar foi atingida por uma pedra no rosto. Ela foi levada ao hospital e liberada no mesmo dia. Ninguém foi preso durante a ação.
Povo confisca alimentos para não morrer de fome
Nos últimos anos tem aumentado o número de alimentos confiscados pelo povo. Isso se deve a grande fome que assola nosso país. Exemplos de confisco de alimentos aconteceram no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e agora em Brasília. Outros exemplos de casos relacionados à fome também ocorreram, como a fila por doações de ossos de boi, em Mato Grosso, e famílias procurando alimentos em caminhões de lixo no Ceará.
Tal problema acontece devido à profunda crise pela qual passa o país, em que mais de 117 milhões de pessoas sofrem com a miséria e a fome Brasil adentro, de acordo com dados de um estudo realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).
As proteínas de origem animal foram os alimentos que mais aumentaram nos últimos anos. De acordo com o estudo feito pela Consultoria LCA, alimentos como carne bovina, frango, carne de porco e ovo, tiveram um aumento médio de 10% em 2021. As maiores altas foram respectivamente carne bovina (17,6%), carne de porco (15,1%), frango (11,8%) e ovo (7,6%).