“Dia da Fúria”: Manifestações contra anexação colonial da Cisjordânia por Israel registradas em todo o mundo

“Dia da Fúria”: Manifestações contra anexação colonial da Cisjordânia por Israel registradas em todo o mundo

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Milhares de mulheres, crianças e homens palestinos, assim como apoiadores, foram às ruas em todo o mundo contra o saque de terras palestinas por Israel. Foto: Mohammed al-Hajjar / Middle East Eye 

Milhares de palestinos foram às ruas e participaram de manifestações e comícios contra o plano de Israel de anexar parte da Cisjordânia, histórico território palestino, no dia 1º de julho, que era a data anunciada por Israel para iniciar o processo de anexação, mas foi postergado por ora. Convocadas sob o nome conjunto de “Dia da Fúria”, as manifestações de solidariedade ao povo palestino e à sua luta contra o projeto de expansionismo colonial-sionista foram registradas por todo o globo, além da Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém.

Leia mais: Movimentos palestinos denunciam acordo de coalizão de Israel que iniciará anexação de territórios palestinos em julho

Na Faixa de Gaza, um grande protesto reuniu milhares de pessoas na Cidade de Gaza, em que ativistas e lideranças populares discursaram e foi realizado um “juramento nacional ao sangue dos mártires”. Centenas de bandeiras palestinas flamulavam entre a multidão, que exibia cartazes em árabe e inglês afirmando Não ao apartheid! Não à anexação! e A anexação ilegal de Israel é uma declaração de guerra à Palestina!

Além de repudiar a anexação, os manifestantes também denunciaram a ocupação colonial que Israel promove na Palestina e o cerco criminoso de Israel à Gaza, que já dura 12 anos, e relembraram e celebraram a histórica Resistência Nacional palestina. Em entrevista à agência de notícias TV al-Aqsa, um homem declarou: “A ocupação nos matou e matou nossos filhos e nos privou de uma vida boa! Que Alá conceda a vitória da Resistência!”.

Também havia diversos cartazes em apoio ao levante de massas no Estados Unidos (USA) contra o racismo, que afirmavam: Não podemos respirar desde 1948!, uma referência ao ano da criação oficial do Estado de Israel e início do saque de terras palestinas, bem como às últimas palavras de George Floyd, homem negro morto por um policial branco no USA que serviu de ignição para os protestos recentes.

Yahya Sinwar, atual líder do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que governa a Faixa de Gaza, esteve presente no ato. Em fevereiro, planos de Israel para matar Sinwar foram frustrados e desmantelados, de forma que sua mera aparição em público serve como uma grande provocação ao sionismo.

No dia seguinte, 2/07, milhares de massas palestinas marcharam também na cidade de Khan Younis, e no dia 3/07, na cidade de Rafah, ambas no sul de Gaza.

Manifestação na Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, reuniu milhares de pessoas. 

Protesto em Khan Younis, na Faixa de Gaza, no dia 02/07.

Já na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ocorreram múltiplos protestos, porém com menor concentração de pessoas. Em Ramallah, centenas de palestinos se reuniram na praça al-Manara, no centro da cidade, para protestar, e manifestações em Belém e Jericó também reuniram centenas de palestinos. 

Uma das razões para os protestos anti-anexação terem sido menos intensos na Cisjordânia, que se encontra sob ameaça de ser usurpada por Israel, é o imobilismo político do Fatah, partido capitulacionista que dirige a Autoridade Palestina e governa o território. 

Kazem al-Haj Muhammad, um camponês da aldeia de al-Mughair, perto de Ramallah, expressou ao Middle East Eye sua revolta com relação à Autoridade Palestina por sua inércia perante os ataques de Israel ao povo palestino e o avanço do colonialismo-sionista sobre a Cisjordânia. “Existem milhares de acres de terra ameaçados de serem transformados em postos avançados [de Israel], mas continuaremos a defendê-los até o último de todos nós”, afirmou ele firmemente.

Acredita-se também que menos pessoas tenham conseguido ir às manifestações convocadas no dia 1º devido às ofensivas lançadas por Israel no decorrer da semana. Na noite do dia 30 de junho, por exemplo, na véspera dos protestos, as forças da ocupação realizaram uma larga campanha de perseguição política, levando presos pelo menos 24 palestinos de várias partes da Cisjordânia, segundo a Sociedade de Prisioneiros da Palestina (PPS). A PPS também confirmou que a polícia israelense havia capturado outros 11 palestinos em Jerusalém. 

Além disso, em 25/06, tropas da ocupação invadiram a vila de Fasayel durante a realização de uma reunião em que se discutia a anexação e as ações de resistência a serem tomadas. Os soldados israelenses atacaram os moradores e as lideranças políticas presentes com bombas de gás, granadas de concussão e balas de aço revestidas de borracha, causando dezenas de feridos. 

Apesar dos bloqueios nas estradas impostos pelas forças da ocupação, moradores da região conseguiram chegar ao local em bicicletas e à pé, e resistiram ao ataque até conseguir expulsar os soldados da vila, localizada dentro da área prevista para ser roubada por Israel. 

Um grupo de jovens na manifestação em Ramallah ergue uma bandeira palestina e cartazes que afirmam “A Resistência por todos os meios, até a Libertação e o Retorno”. Foto: Middle East Eye

Na cidade de Nova York, no USA, milhares de pessoas marcharam no Brooklyn no Dia da Fúria, contando com uma forte presença de membros da comunidade muçulmana e de etnia árabe, assim como de judeus anti-sionistas. Foram erguidas faixas com os dizeres Fim ao sionismo! e Resistir até o retorno!, referindo-se à luta histórica pelo direito dos palestinos deslocados e forçados a migrar devido à ocupação israelense de retornarem às suas casas na Palestina. 

Marcha em Nova York reuniu milhares de pessoas em apoio à luta pela Palestina livre, 01/07/2020.. 

Também foram registrados protestos em Seoul, na Coréia do Sul, e na cidade sul-africana de Sandton, onde dezenas de ativistas pró-Palestina se reuniram em frente ao consulado ianque, erguendo cartazes que denunciavam a anexação como roubo de terras palestinas e acusando o sionismo de ser um sistema de Apartheid racial.

Manifestantes na Coréia do Sul.

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