Dia nacional de luta dos enfermeiros mobiliza milhares e exige o piso salarial (atualizado 18/02)

Enfermeiros criticam a hipocrisia das forças reacionárias que tratavam-os como heróis na pandemia, mas negam agora seus direitos
Manifestação dos enfermeiros ocorreu na região do Shopping da Bahia, em Salvador. Foto: Reprodução/Internet

Dia nacional de luta dos enfermeiros mobiliza milhares e exige o piso salarial (atualizado 18/02)

Enfermeiros criticam a hipocrisia das forças reacionárias que tratavam-os como heróis na pandemia, mas negam agora seus direitos

Em grande mobilização nacional, os profissionais da enfermagem realizaram um dia inteiro de protestos em defesa de seus direitos atacados. Os enfermeiros, auxiliares e técnicos de todo país realizaram manifestações, bloqueios e paralisações no dia 14 de fevereiro com a pauta unificada que exige a implementação do salarial, barrada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2022.

Os atos ocorreram nos estados da Bahia, Minas Gerais, Amazonas, Rondônia, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Eles se chocam com a decisão do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF). O ato foi convocado nacionalmente pelo Fórum Nacional da Enfermagem (FNE), que afirma haver indicativo de greve nacional da enfermagem para o dia 10 de março caso as reivindicações dos trabalhadores não sejam cumpridas.

A suspensão da lei ocorreu após essa ter sido questionada pelo bilionário setor privado da saúde e políticos reacionários que apresentam a desculpa esfarrapada de que “não há verba” para garantir um salário digno aos profissionais da saúde. São mais de 2,5 milhões profissionais de saúde no Brasil afetados pelos salários defasados. Assim como outros setores de trabalhadores do país, eles estão sendo submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, muitas vezes sem direito a férias e a descanso remunerado. 

Eles exercem sua profissão em hospitais sucateados e abarrotados de pacientes, em uma profissão com alto grau de insalubridade. O movimento nacional questiona a hipocrisia que, durante a pandemia de Covid-19, todos os setores reacionários, incluindo a imprensa monopolista, criticava o governo militar genocida de Bolsonaro por “não valorizar os profissionais da saúde” e que, agora, fazem o mesmo.

A aplicação do piso garantiria aos enfermeiros o valor de R$ 4.750; para auxiliares e parteiras, 50% do valor, ou seja, R$ 2.375; e para técnicos de enfermagem, 70% dele, equivalente a R$ 3.325. Somente para comparação, o Dieese aponta que para uma família brasileira viver com dignidade o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 6.575,30.

Ao passo que o salário da enfermagem continua defasado, o aumento salarial de 18% aos ministros do STF foi aprovado com tranquilidade e será efetivado a partir de 1º de abril deste ano, no valor de R$41.650,92.

MG: Enfermeiros, auxiliares e técnicos protestam

Profissionais da enfermagem realizam manifestação no centro de Belo Horizonte, em paralisação nacional da categoria. Foto: Banco de Dados AND

Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem realizaram uma manifestação no centro de Belo Horizonte em 14/02, exigindo o pagamento do piso salarial da enfermagem. Em entrevista ao AND, Leide Fernandes, técnica de enfermagem, afirmou que “[essa] é uma luta histórica dessa categoria e precisou de uma pandemia e diversos trabalhadores morrerem para que a nossa categoria fosse reconhecida e lembrada, inclusive pelo poder público”, acrescentando que “nós estamos aqui unidos e fortes e não sairemos das ruas enquanto nosso piso não chegar efetivamente no nosso contracheque”.

Profissionais de enfermagem em protesto em Juiz de Fora. Foto: Reprodução/ G1

Em Juiz de Fora, dezenas de profissionais de enfermagem realizaram um protesto na manhã de 14/02, no centro da cidade. Com faixas e cartazes, eles entoavam: Se o piso não chegar, a enfermagem vai parar!

Um dos integrantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juiz de Fora (Sinserpu) afirmou, sobre o protesto, ao monopólio de imprensa reacionário G1: “Hoje é uma paralisação com possível indicativo de greve caso não haja andamento por conta do governo. Também queremos que Juiz de Fora siga como muitos municípios adotam, que é já implantar o piso, uma vez que hoje na Prefeitura recebemos menos que um agente comunitário de saúde”. 

DF: Profissionais da enfermagem realizam ato em frente ao Ministério da Saúde

No dia 14/02, como parte da mobilização nacional da enfermagem pelo piso salarial, estudantes e profissionais da área realizaram um ato em frente ao Ministério da Saúde em Brasília.

Veja, aqui, o cobertura de AND do ato:

BA: Profissionais da enfermagem bloqueiam avenida

Na Bahia, centenas de profissionais da enfermagem bloquearam com faixas e cartazes a Avenida Antônio Carlos Magalhães, em Salvador, em uma manifestação que se iniciou às 10h e finalizou às 12h. 

Um dos coordenadores do Sindicato dos Enfermeiros, Everaldo Braga, afirmou ao monopólio de imprensa G1: “No período da pandemia da Covid-19, nós fomos tratados como os heróis da saúde. Esses heróis, sem dinheiro no bolso, não conseguem cuidar das suas próprias famílias. Precisamos ser reconhecidos, valorizados e respeitados”.

RN: Enfermeiros realizam paralisação de 24 horas

Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem realizaram uma paralisação de 24 horas nos serviços em unidades de saúde do Rio Grande do Norte no dia 14/02. De acordo com a categoria, a medida visa cobrar a implantação do piso nacional da enfermagem. É mantido nas unidades apenas o percentual de 30% da mão de obra.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde), o estado tem cerca de 46 mil profissionais de enfermagem, considerando enfermeiros, técnicos e auxiliares. Somente enfermeiros, são 16 mil. Todos esses profissionais hoje se encontram com o salário defasado.

PE: Paralisações e manifestações em todo o estado

Enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem realizaram um protesto no centro do Recife. O ato começou por volta das 10h, na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista, um dos principais corredores de ônibus da cidade até o palácio do governo do estado.

Os manifestantes exigiam da governadora Raquel Lyra (PSDB) o cumprimento de uma de suas promessas de campanha, que era a implementação do piso no estado a partir de janeiro. “Raquel Lyra prometeu na campanha o nosso piso. Estamos na frente do atendimento sempre, na pandemia ou no carnaval, e queremos o que eles prometeram”, declarou a trabalhadora Edvânia Rodrigues ao monopólio de imprensa G1.

Ato dos profissionais da enfermagem é realizado em Caruaru. Foto: Assessoria de comunicação Seepe

Já na cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, o ato dos enfermeiros passou pelas principais ruas do centro e seguiu em direção à Secretaria de Saúde, no bairro São Francisco. Na luta pelo justo salário para os trabalhadores, os serviços da atenção básica de saúde foram paralisados em 100%.

Segundo o Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe), a partir do dia 15/02, a categoria deve entrar em “estado de greve”, e caso as negociações não avancem, no dia 10 de março, os sindicatos dos profissionais da enfermagem planejam decretar uma “greve nacional”.

RO: Profissionais fazem manifestação e exigem seus direitos ao governador

Profissionais da enfermagem de Rondônia realizaram uma paralisação no dia 14/02. A manifestação teve início em frente ao Centro Político-Administrativo do estado de Rondônia. Os presentes exigiram a implementação do piso salarial e questionaram as alegações do governo do estado de que “não há verbas” para sua efetivação.

PI: Enfermeiros se manifestam em Picos

Na manhã do dia 14/02, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem participaram de um ato na Praça Félix Pacheco, centro da cidade, reunindo dezenas de profissionais. 

Erguendo cartazes, os profissionais denunciam que o não pagamento do piso é uma desvalorização da profissão. O enfermeiro Iago Carvalho, em entrevista com o jornal local Cidade Verde, enfatizou que a categoria continuará indo às ruas reivindicar a atualização salarial: “É um momento muito importante para a classe da enfermagem, onde estamos buscando, almejando esse piso. A gente vai continuar indo para as ruas, manifestando”.

AM: Enfermeiros protestam pela aplicação do piso salarial

Protesto da enfermagem em Manaus. Foto: Nainy Castelo Branco/Rede Amazônica

Em Manaus, a manifestação dos profissionais iniciou na Praça do Conjunto Eldorado e caminhou até a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A manifestação foi realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM), em conjunto com o Fórum de Entidades de Enfermagem do Amazonas (Feeam).

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