Dois caminhos frente aos ataques à universidade pública

Para ter uma unidade interna, há que ter democracia, as decisões, principalmente as prioridades, os prejuízos devem ser tomados coletivamente. Políticas de permanência devem ser discutidas com toda a Universidade. Os estudantes devem ter espaço adequado nos Conselhos , ou seja, o co-governo que o movimento estudantil historicamente defende.

Dois caminhos frente aos ataques à universidade pública

Para ter uma unidade interna, há que ter democracia, as decisões, principalmente as prioridades, os prejuízos devem ser tomados coletivamente. Políticas de permanência devem ser discutidas com toda a Universidade. Os estudantes devem ter espaço adequado nos Conselhos , ou seja, o co-governo que o movimento estudantil historicamente defende.

Os recentes eventos ocorridos na UERJ, uma greve de ocupação de 57 dias, seguida de criminalização pela Reitoria e reintegração violenta de posse a partir do corte de bolsas de permanência estudantil, devem fazer-nos refletir sobre os caminhos de defesa da Universidade pública, nos dias de hoje, quando o ajuste fiscal retira recursos orçamentários e há um claro projeto da direita de privatizá-la. Tanto nas Universidades federais quanto nas estaduais os recursos liberados pelos governos não chegam para pagar as contas ainda no meio do ano, há contingenciamento de verbas. Essa é a realidade dos últimos anos. 

O que fazer perante esse quadro? Muitas reitorias atuais ganharam eleições a partir de compromissos de campanha com a democracia interna e a defesa da universidade pública. È o caso da atual Reitora da UERJ mas há outros exemplos. O que fazem diante das dificuldades? Introjeta-se o ajuste fiscal cortando, no caso, bolsas de permanência de estudantes pobres. Em outros casos, se entrega em concessão partes da Universidade à iniciativa privada, como foi o caso da UFRJ. Concilia-se, portanto, com as políticas da direita. O que há por trás disso: medo de perder algumas poucas benesses que lhes sobram (cargos, bolsas, projetos), pouca crença na disposição de resistência e luta das massas estudantis e da população. Como necessariamente alguns setores serão prejudicados (no caso da UERJ, estudantes pobres que não poderão se dedicar totalmente mais aos estudos, terão que trabalhar numa situação geral de desemprego e precarização do trabalho). Caso esses lutem, será necessário freá-los, calá-los ou através de apaziguamento, os amedrontando, de que não se é capaz de resistir às políticas da direita ou, em última análise, criminalizando-os. Ou seja, independente da história de resistência ao regime militar, qualquer coisa que se diga sobre o passado, a política concreta que se aplica é a política da direita, resignação ao ajuste fiscal, privatização e criminalização de quem resolve lutar. Onde leva esse caminho? Ao enfraquecimento da capacidade de resistência.

O outro caminho é o da luta contra os cortes orçamentários e a privatização. É o da não resignação. No caso, foi a resistência à medidas unilaterais da Reitoria de jogar sobre os ombros dos estudantes pobres o ajuste fiscal mesmo quando outras fontes orçamentárias foram citadas para remanejamentos. Foi muito heróica a greve de ocupação com mais de 60 dias que somente terminou com a invasão do campus pela Tropa de Choque chamada pela Reitoria. Muito foi feito nesse tempo: aulas públicas, rodas de conversa. Era muito necessário vilipendiar o movimento pois foi a antítese dos que aceitaram o apaziguamento: a própria greve de ocupação foi comparada aos episódios de 8 de janeiro onde uma massa de manobra dirigida por trás por milicos golpistas invadiram prédios públicos com o objetivo de retirar direitos democráticos. Não é possível ficar assim esmagado perante qualquer decisão tomada por um Judiciário reacionário e subserviente aos poderes constituídos, com leis cada vez mais autoritárias que retiram liberdades democráticas e implantam um vigilantismo (por exemplo, a Lei anti terrorismo) que, se forem tomadas à risca impedem qualquer movimento de defender seus direitos.

Ora, como uma reitoria progressista que queira, ao menos, fazer funcionar a Universidade de forma honesta, pois sempre, nesse Estado, será atacada por seus detratores, seja pela direita pelos cortes orçamentários e privatização ou pela extrema-direita que, além disso, a difama continuamente? Não basta achar que gerenciar bem é a questão numa politica de cobertor curto, isso não existirá. Há que chamar a universidade à luta. Há que manter a unidade interna com quer lutar. Se não, a unidade será com os reacionários, no caso com o Governador Castro que deve estar muito satisfeito pois seus objetivos de prejudicar a Universidade estão sendo defendidos pela Reitoria.  Os segmentos organizados da UERJ fizeram isso ao brigarem por complementação orçamentária junto à Assembleia Legislativa. O que fez a Reitoria? Até então se recusa a discutir sua decisão unilateral de corte de bolsas de estudantes pobres nos organismos colegiados da Universidade. Porque será? Não se sabe, porque os remanejamentos significaram afetar interesses pessoais ou de grupo? Não se sabe. Para ter uma unidade interna, há que ter democracia, as decisões, principalmente as prioridades, os prejuízos devem ser tomados coletivamente. Políticas de permanência devem ser discutidas com toda a Universidade. Os estudantes devem ter espaço adequado nos Conselhos , ou seja, o co-governo que o movimento estudantil historicamente defende. Para isso, as benesses pessoais podem ser perdidas. Paciência. Não há outro caminho que enfrente a situação atual. Ela é grave, o avanço da extrema-direita historicamente foi o resultado das promessas não cumpridas da social-democracia, inclusive suas ações criminalizadoras da oposição, afinal não foi a social democracia que matou Rosa Luxemburgo? O apaziguamento não nos livra do afã persecutório da extrema direita, somente a mobilização das massas.

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