Dois meses depois de roubo de fuzis em quartéis no Brasil, militares paraguaios são presos em esquema contrabando de armas na fronteira

Cinco militares do Paraguai foram presos em uma megaoperação do dia 5/12 contra um esquema de contrabando e envio de armas para o Brasil. São em sua totalidade oficiais, de general a capitão, e operavam na Força Aérea e no órgão de fiscalização de armas, Dimabel. 
Generais e outros oficiais paraguaios desempenhavam papel central em esquema de contrabando de armas. Foto: Reprodução

Dois meses depois de roubo de fuzis em quartéis no Brasil, militares paraguaios são presos em esquema contrabando de armas na fronteira

Cinco militares do Paraguai foram presos em uma megaoperação do dia 5/12 contra um esquema de contrabando e envio de armas para o Brasil. São em sua totalidade oficiais, de general a capitão, e operavam na Força Aérea e no órgão de fiscalização de armas, Dimabel. 

Cinco militares reacionários do Paraguai foram presos em uma megaoperação do dia 5 de dezembro contra um esquema de contrabando e envio de armas para o Brasil. Os militares são em sua totalidade oficiais, em postos que variavam de general a capitão, e operavam tanto na Força Aérea reacionária do país vizinho quanto no Dimabel, órgão paraguaio responsável pela fiscalização de armas. 

No total, 19 pessoas foram presas, tanto no Brasil (5) quanto no Paraguai (14). Mandados de busca e apreensão também foram realizados em ambos os países, com 17 alvos em solo nacional e 21 no país fronteiriço. A operação de contrabando comprava armas de diversos países da Europa por meio da empresa IAS e depois as importava para o Brasil. 

Os militares reacionários desempenhavam papel central no esquema, pelo que indicam as patentes e cargos dos envolvidos. Um dos presos foi o general Arturo Javier Gonzales Ocampo, ex-comandante da Força Aérea do Paraguai e ex-chefe do Estado Maior General da Força Aérea. Outro general preso foi Jorge Antonio Orue Roa, ex-diretor do Dimabel que chefiou o órgão na época em que a empresa IAS realizou importações para o Brasil. 

Além dos generais, foram presos os coronel Bienvenido Fretes, encarregado do Departamento de Registro Nacional de Armas (Renal) da Dimabel, a tenente Cinthia Maria Turro Braga, responsável pela Assessoria Jurídica do Renal da Dimabel e a capitã Josefine Cuevas Galeano, chefe de importações da Dimabel.

Ou seja, um contingente significativo de militares de alta patente com atuação em áreas centrais da operação, sem o qual um esquema tão megalomaníaco teria dificuldades ou mesmo impossibilidade de operar.

Aqui e acolá

A situação não é estranha, principalmente frente a recentes episódios no Brasil. O envolvimento de militares reacionários em operações de contrabando, tráfico, e atividades similares é regra também no nosso País. Tal como no Paraguai, aqui os oficiais também desempenham papel central nos esquemas. 

Há menos de dois meses atrás, militares do Exército reacionário brasileiro estiveram envolvidos no roubo e tentativa de venda de 21 armamentos do Arsenal de Guerra de Barueri. O caso não é exceção: somente nos dez primeiros meses de 2023, ao menos 48 registros de furto de arma foram registrados em quartéis. Foi um recorde nos últimos dez anos, sinal de que a participação direta dos militares no contrabando de armas tem aumentado ano após ano. 

Destaca-se ainda que os militares não desempenham papel lateral. São responsáveis pelo fornecimento, em casos como o de Barueri, pelo transporte (uma das operações mais difíceis em qualquer operação de tráfico e contrabando), como revelam casos tanto no Brasil como no Paraguai, e até mesmo na sabotagem ao monitoramento, como também indicou o caso recente do Paraguai. As Forças Armadas reacionárias operam, na verdade, como a base central do atual quadro de fornecimento de armas para os diferentes grupos paramilitares do subcontinente. Isso, claro, se for falar só das armas.

Fornecer para reprimir

E há uma outra similaridade central entre os dois países de fronteira. Tanto o Brasil quanto o Paraguai vivem em um cenário de grave militarização reacionária, com operações constantes da polícia ou do Exército contra as massas populares, sobretudo nas favelas e bairros periféricos ou no campo. O Brasil, que já foi palco de intervenções federais em cidades como o Rio de Janeiro, voltou a dar holofotes aos militares com a recente GLO decretada pelo governo para a mesma cidade. No Paraguai, os militares reacionários são frequentemente denunciados por violações contra o povo nas operações de guerra reacionária justificada sob “guerra às drogas” ou no combate aos grupos guerrilheiros que lutam principalmente contra o monopólio da terra, também sob a mesma contrapropaganda de “combate às narcoguerrilhas” ou à “subversão”.

Nesse quadro, os militares operam tudo: vendem armas para os grupos paramilitares a fim de atingirem seus interesses, sejam políticos, sejam de enriquecimento. Depois, usam o cenário de “crise na segurança” e “guerra às drogas” para operar com o máximo de brutalidade em sua guerra reacionária contra o povo e as massas populares.

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