É indecente o julgamento pelo STM dos militares que assassinaram músico e catador com 257 tiros

Supremo Tribunal Militar julga caso de morte com 82 tiros de músico e catador de latinha preservando o espírito corporativista e mantendo impunidade contra os militares que cometem crimes contra o povo.
Juventude Combatente denuncia crime do Exército no muro do Panteão de Caxias durante manifestação no Rio de Janeiro, 15/05/19. Foto: Mídia 1508

É indecente o julgamento pelo STM dos militares que assassinaram músico e catador com 257 tiros

Supremo Tribunal Militar julga caso de morte com 82 tiros de músico e catador de latinha preservando o espírito corporativista e mantendo impunidade contra os militares que cometem crimes contra o povo.

Nos últimos dias, teve início o julgamento no Supremo Tribunal Militar do caso dos militares do Exército que assassinaram com 82 tiros o músico Evaldo Rosa e o catador de latinhas Luciano Macedo. Antes de ser interrompido por pedido de vista, o militar-ministro relator apresentou sua tese em que reduz de 30 para três anos de punição, ao que foi seguido pelo primeiro ministro a votar. Tudo indica que se preservará o corporativismo da caserna e o espírito de casta que mantém os militares, sobretudo os altos oficiais, na mais escancarada impunidade de criminosos.

Para o tenente-brigadeiro Carlos Augusto Amaral, relator do caso, trata-se de “um erro plenamente justificado pelas situações”, isto é, os militares reacionários agiram em “legítima defesa” ao promover o fuzilamento sumário de um carro em que estava uma família negra indo à um batizado. Além disso, afirmou que o motorista do carro, o músico Luciano, “representava uma ameaça imaginária”. Embora tenha afirmado que os “militares não buscavam a morte”, faltou ao ministro-militar explicar (presume-se que seja conhecedor da prática militar) que atirar 257 vezes contra um carro equivale a ter a intenção de cometer um assassinato de todos que ali estavam.

O tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Amaral Oliveira, segundo ministro-militar a votar, concordou com a tese.

O advogado que defende os militares assassinos é Rodrigo Rocca, ex-advogado de Flávio Bolsonaro. Especialista em direito militar, Rocca já defendeu oficiais processados pelo MPF por crimes cometidos durante o regime militar.

Embora não haja previsão para o julgamento ser retomado, é difícil imaginar uma reviravolta. A redução de 30 anos de prisão para três significará mais uma carta-branca para matar.

O acobertamento jurídico na mais alta corte militar do país está escancarado. O que significa, na prática, a impunidade aos assassinos fardados nos casos em que os militares aplicam sua conhecida doutrina de guerra contra o povo, que se resume em realizar policiamento ostensivo no único objetivo de sitiar e impor terror contra o povo preto e pobre, promover o julgamento a priori dos supostos crimes praticados e executar a pena de morte. Tudo no momento em que os agentes militares escolherem.

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