No fim do mês de maio foi lançado em Belém, pela Editora Paka-Tatu, a obra Encurralados na Ponte: O Massacre dos Garimpeiros de Serra Pelada, do jornalista Paulo Roberto Ferreira.
Paulo Roberto Ferreira é jornalista, tendo trabalhado na chamada imprensa alternativa, nos jornais Bandeira 3 e Resistência, ambos publicados na região Norte. Escreveu o livro A Censura no Pará: A Mordaça a Partir de 1964 e foi coautor de O Homem que Tentou Domar o Amazonas.
Em Encurralados na Ponte, Paulo Roberto relata o episódio ocorrido em 29 de dezembro de 1987, em que garimpeiros da Serra Pelada protestavam pela manutenção da exploração manual de ouro. Decidiram ocupar a Ponte Rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá-PA, para pressionar os governantes. Essa ponte faz a ligação da capital Belém com a região Sudeste e Sul do Pará, e é também sobre ela que passa o trem-de-ferro da Vale, que leva os minérios retirados no Projeto Grande Carajás até o Porto de Itaqui, no Maranhão.
Enquanto cerca de 300 garimpeiros ocupavam a ponte, lideranças se buscaram um acordo com as com “autoridades” municipais, estaduais e federais na Prefeitura de Marabá. Ainda durante as negociações, a Polícia Militar do estado do Pará cercou os manifestantes com um pesado aparato. Avançaram 300 policiais de um lado e 40 do outro, atirando sobre a massa, espancando os que caíam no chão e jogando os que tentavam correr no rio, de uma altura de mais de 20 metros. Após o massacre, veículos foram utilizados para sumir com os corpos.
Na época, Paulo Roberto Ferreira foi enviado pelo jornal O Liberal, de Belém, para cobrir o episódio. E agora, mais de trinta anos depois, decidiu voltar à região para entrevistar os sobreviventes e investigar a atual situação dos garimpeiros.
Em seu livro, o autor busca contextualizar o episódio, analisando como a formação fundiária da região Sul e Sudeste do Pará está diretamente ligada ao latifúndio e suas relações com a mineração. Ainda, expõe como o regime militar manejou com o Garimpo da Serra Pelada para militarizar e controlar a região no período pós-guerrilha do Araguaia.
Em entrevista ao jornal Diário do Pará, Paulo Roberto disse que “o texto resgata a memória da luta dos garimpeiros, conclama a sociedade à resistência e à participação social. O livro é uma denúncia viva dos conflitos gerados por um modelo de desenvolvimento e consumo que expropria os direitos da população local, afeta a cidade e o meio rural e não garante a sobrevivência das futuras gerações e do planeta”.
Interessados podem adquirir o livro diretamente com a Editora Paka-Tatu:
Loja virtual: www.editorapakatatu.com.br/