Kamala Harris, vice-presidente do EUA, ao assumir a cabeça da chapa presidencial da máfia “Partido Democrata” ressuscita a disputa eleitoral, que já estava virtualmente definida. Nesse sentido, fosse qual fosse a motivação do franco-atirador da Pensilvânia, ao disparar com seu AR-15, é caso típico do que atira no que vê e acerta em cheio no que não vê, resultando em situação inesperada: a candidatura de Joe Biden foi fulminada com um tiro na orelha de outrem. Prosseguisse aquela disputa, Trump já estaria virtualmente eleito, não apenas pela incapacidade notável do atual presidente ianque, mas principalmente porque a disputa política ficaria presa nas comparações dos dois governos, e nessa comparação, por razões econômicas, Biden se sai pior. Com Kamala, não: a disputa política, ao menos centralmente, não é na comparação entre governos, afinal, ela nunca foi presidente, e sim o cacarejo de defesa da “democracia” na farsesca polarização “democracia versus fascismo”, como se ela e o bando genocida dos “Democratas” tivessem alguma identidade com os direitos e liberdades democráticos, que tanto violam, sobretudo nas nações oprimidas!
Todo o oportunismo da falsa esquerda não se contém e já inicia uma asquerosa campanha em favor de Kamala Harris. Afinal, ela é negra, asiática, mulher e defende até a regularização do aborto no EUA: isso, é claro, não a impede de ser partícipe e cúmplice do genocídio do povo palestino, ao ser parte do atual governo responsável por todo o suporte bélico, logístico, material e político-diplomático ao Estado nazi-sionista de Israel em sua campanha de cerco e extermínio. A política pós-modernista é, uma vez mais, reserva de legitimação da democracia burguesa genocida em estágio avançado de putrefação, para prosseguir a marcha sinistra da subjugação do mundo ao imperialismo.
Por falar nela, a Resistência Palestina alcança novas vitórias – a mais recente é o acordo estabelecido entre as forças da resistência nacional com aquelas vacilantes e conciliadoras (a direita da Al Fatah) para a unidade nacional contra o sionismo. Hamas, FPLP, FDLP, Jihad Islâmica, Fatah e outras organizações definiram, como ponto de unidade, o “estabelecimento de um Estado palestino independente com Jerusalém como sua capital” e “garantia do direito de retorno” dos refugiados. Essa é uma contundente vitória da corrente de esquerda da Resistência Palestina e se choca frontalmente com os planos sionistas de Israel e do imperialismo ianque que os maneja. É um reconhecimento da necessidade de varrer o sionismo, por meio da guerra de libertação nacional, arrastando as forças capitulacionistas que, até ontem, estavam circunscritas aos planos de Israel como reserva para manter seu apartheid com uma “Autoridade Palestina” sob tutela sionista, e agora, se comprometem com a resistência. É, enfim, mais uma vitória da Resistência Palestina, um importante passo adiante na unidade nacional e causa graves prejuízos aos planos imperialistas.
Por fim, na Venezuela a situação também escala, como sinais da crise do imperialismo. Nicolás Maduro e seu regime de capitalismo burocrático assentado na exportação de petróleo para os States estão acossados. Por um lado, o regime corporativista está consolidado e nenhuma eleição poderá alterar as estruturas do Estado venezuelano. Quando Maduro diz que, sem uma vitória ampla sua, haverá uma guerra civil, ele diz basicamente uma verdade: por um lado, a oposição ultrarreacionária – bando lacaio dos interesses imperialistas ianques – produzirá desordens, dado o grau de crise política e institucional, e por outro, o regime, de tipo corporativo, não permitirá ser subvertido em que pese a eleição. Ademais, não deixa de ser um sinal de crise política aguda o fato do “chavismo” correr risco de ser derrotado eleitoralmente, com o controle quase total sobre o aparelho de Estado. Os ianques, naturalmente, estão apoiando a oposição lacaia sua, mas não intervirão diretamente agora, mesmo que o regime de Maduro “quebre as regras do jogo”: desde 2019, quando iniciaram um processo de intervenção, os ianques recuaram ao chegar à conclusão de que isso produziria uma tempestade anti-imperialista em seu quintal, e num contexto em que a luta camponesa no subcontinente ameaça seriamente seus interesses, seria uma decisão quase suicida. Aumentarão, certamente, as sanções de todo tipo, para pressionar o surgimento de uma dissensão dentro do regime, especialmente nas Forças Armadas venezuelanas, o que não lograram até agora com n tentativas fracassadas, e usarão como pretexto para impulsionar a sua presença militar no subcontinente, inclusive para combater os levantamentos camponeses revolucionários.
Chega a ser cômica a reação de consternação com a “falta de liberdade” no regime venezuelano, por parte dos monopólios de imprensa no Brasil: dizem que uma candidata da oposição não pôde concorrer por ordem da “ditadura de Maduro”, quando, no Brasil, em 2018, um candidato então da oposição não pôde participar por conta do tweet do então comandante do Exército. Quem é a democracia e quem é a ditadura afinal?
Todos são os sintomas de aguda crise geral de decomposição do imperialismo, cujo grau é sem precedentes no mundo, provocando desordens de magnitudes, cada vez maiores, fomenta a situação revolucionária na qual explodem revoltas populares massivas que vão abalando de baixo acima todo o sistema de dominação reacionário, onde a luta revolucionária dos povos avançarão em todo o mundo.