Editorial semanal – Arthur Lira é quem governa, não?

Apenas a luta radical, sem nenhuma ilusão com os acordos, pode garantir os direitos do povo, em especial, o direito à terra para quem nela vive e trabalha.
Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Editorial semanal – Arthur Lira é quem governa, não?

Apenas a luta radical, sem nenhuma ilusão com os acordos, pode garantir os direitos do povo, em especial, o direito à terra para quem nela vive e trabalha.

O “centrão” está cada vez mais voraz em sua cobiça de poder. Já se noticia que, após sequestrar cargos na diretoria da Caixa Econômica Federal, os esbirros de Arthur Lira miram, agora, a Funasa e a Companhia Docas do Rio Grande do Norte – outras duas estatais. Ademais, há insatisfação generalizada dos “nobres deputados” com o Alexandre Padilha, ministro-chefe de Lula, por haver descumprido acordos que previam liberação ainda mais vultosa de verbas em emendas parlamentares. Já há chantagens à boca miúda nos corredores da Câmara dos Deputados, segundo as quais, não serão votados projetos do governo em retaliação por terem sido enganados. Como se vê, nas tratativas entre ladrões engravatados, embora impensável, também há ética e até código de honra. Obviamente, ética e honra putrefatas.

Quanto mais cede ao “centrão” em troca da aprovação de tais ou quais pacotes de medidas, mais o “governo Luiz Inácio” agrava sua frágil situação. A cada dia, tem menos poder de barganha e, por isso, é cada vez mais pressionado pelo preço da chantagem, que, como em toda negociação deste tipo, sobe na medida em que o chantageado se vê fragilizado. Neste sentido, Luiz Inácio é fraco, como foi Bolsonaro: refém do “centrão”, que manda na agenda e, hoje também, no próprio orçamento. Isso significa, mais especificamente: refém da “bancada do agro”, esse verdadeiro partido da secular usurpação, rapina e pilhagem latifundiária das terras da União e de reprodução das relações de propriedade semifeudais; classe de parasitas da Nação, sustentáculo principal desse anacronismo de produção primária para exportação, que a reestruturação global imperialista ornou de tecnologia de ponta para que prosseguisse invariável como sua economia complementar, e que se jacta e ostenta a farsa de capitalismo desenvolvido; é suporte da dominação imperialista que subjuga o País e base desse agonizante simulacro de república democrática; em suma, o ferrolho impositivo da pendência histórica da revolução democrática triunfante. Uma escumalha ultrarreacionária que até ontem, era linha de frente bolsonarista em larga escala. Passado mais de um ano, também nisso, nada mudou.

A esperada crise econômica no tão decantado “agronegócio” só coloca o governo ainda mais em poder dos malfeitores. A quebra da safra de grãos de soja, que nas principais regiões produtivas poderá atingir até 20%, junto com a queda no preço das commodities (como reflexo das guerras em curso, desaceleração da economia global e a recente crise no setor imobiliário chinês) e o aumento do custo da produção por conta de fenômenos climáticos devem produzir fortes abalos na produção latifundiária. O latifúndio, que não entra para perder, já transferiu o problema ao governo: “resolva”. O “governo Luiz Inácio”, que até agora não apresentou uma proposição factível para reviver o mito da falida “reforma agrária” oficial, já manifestou – através do ministro da Agricultura – que ações emergenciais serão executadas em socorro ao “agro”, como oferecimento de créditos, renegociação das dívidas e apoio ao escoamento e comercialização das mercadorias. Ora, que presente, justo ao setor primário da economia, privilegiado desde sempre e que retorna o País à condição principal de produtor de matérias primas, que não paga impostos e nem sequer tributos pagam à previdência social! Era este o prometido governo da justiça social? É um governo completamente entregue, amarrado e vendido à “bancada do agro”, aos senhores das oligarquias locais e regionais e ao chefe deste, o ontem bolsonarista Arthur Lira, gentalha essa com a qual o PT/Luiz Inácio e sua frente vende-povo sempre se sujeitaram para governar contra os interesses da Nação e das massas empobrecidas, massas que iludem e manipulam prometendo “mundos e fundos”. Porém, que conseguem iludir cada vez menos! Pelegos, serviçais, lacaios, vendilhões da pátria!

Em especial as massas camponesas em luta pela terra, cada vez mais se desprendem da ilusão secular, periodicamente renovada pela farsa eleitoral, de que a posse e propriedade da terra serão democratizadas por benção do governo de turno. Mais de 130 anos de republiqueta semifeudal, de privilégios indecentes dos de cima, de engôdos, de mentiras, de injustiça atroz ensinam o campesinato a confiar nas suas próprias forças e nas suas organizações combativas. Apenas a luta radical, sem nenhuma ilusão com os acordos, pode garantir os direitos do povo, em especial, o direito à terra para quem nela vive e trabalha.

Só a revolução agrária pode levar o povo e a Nação à revolução democrática triunfante!

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: