Editorial Semanal – ‘Democratas’ acovardados de uma democracia senil

Democracia Inabalada: Os esforços do governo de Luiz Inácio em celebrar o haver “frustrado um golpe de Estado”, se referindo aos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, é uma grande demonstração de hipocrisia
Foto: Senado Federal do Brasil

Editorial Semanal – ‘Democratas’ acovardados de uma democracia senil

Democracia Inabalada: Os esforços do governo de Luiz Inácio em celebrar o haver “frustrado um golpe de Estado”, se referindo aos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, é uma grande demonstração de hipocrisia

Os esforços do governo de Luiz Inácio em celebrar o haver “frustrado um golpe de Estado”, se referindo aos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, é uma grande demonstração de hipocrisia. Além do ato central em Brasília – intitulado “Democracia inabalada” –, Luiz Inácio chegou mesmo a publicizar internacionalmente sua retórica, escrevendo um artigo ao Washington Post, onde projeta a si mesmo e as instituições como os artífices da luta antigolpista no País.

Vejamos o que escreveu ao mundo Luiz Inácio: “A tentativa de golpe falhou. …durante o ano passado, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo dedicaram esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os culpados”.

Seria preciso aqui corrigir o “presidente”: não houve nenhum esforço por responsabilizar os verdadeiros culpados. Por exemplo, o general Braga Neto, que atuou explicitamente para levar aos generais da ativa a necessidade da ruptura institucional e fez visitas aos acampamentos na frente dos quartéis, lançando palavras dúbias de aprovação à agitação golpista, não foi investigado e nem sequer prestou depoimento naquela pocilga da CPMI do 8 de Janeiro. O general Augusto Heleno também não foi sequer investigado. Villas-Bôas, então, sequer foi criticado pelos “campeões” da democracia burguesa. Já esforços hercúleos para passar panos quentes com os generais, isso houve sim, e muito.

Lula diz ainda: “A tentativa de golpe foi o culminar de um longo processo promovido por líderes políticos extremistas para desacreditar a democracia em seu próprio benefício. O sistema eleitoral brasileiro (…) foi questionado por aqueles que foram eleitos por esse mesmo sistema”. Acovardado, o presidente da república omite toda a responsabilidade de quem, realmente, instigou essa situação e que tinha poder de decisão: os altos mandos das Forças Armadas. Por que Luiz Inácio omite que o Exército questionou explicitamente o sistema eleitoral, durante os preparativos para o pleito de 2022, inclusive emitindo relatório dúbio que não atestava segurança completa? Será que, para o governo, isso não é uma forma de instigar o golpismo, no método “riscando o fósforo e deixando o circo pegar fogo”?

Não há, no País, no que se refere ao governo de Luiz Inácio e às instituições, nenhum combate ao golpismo. Excetuando as centenas de galinhas verdes detidas após o dia 8 de janeiro em Brasília, não há condenação de ninguém, menos ainda dos responsáveis. O STF tem sido, portanto, carrasco não da extrema-direita, mas sim, de alguns centos de buchas de canhão que foram em centenas de ônibus fazer um “golpe de Estado” no 8 de janeiro. Patético, não? Mesmo se Bolsonaro for preso e condenado, reinarão impunes os generais da ativa, que têm atuado desde 2015 em flagrante intervenção militar, através de chantagens, coações, dissuasões e ameaças veladas, e especialmente em 2022, chegaram mesmo a discutir se havia chegado a hora de desfechar o golpe diretamente. O governo, que tem o poder de mudar todo o Alto Comando se assim quiser, o que fez frente a isso? Nada! Ou melhor, fez sim, e bem pior: passou a contemplar com fartas verbas a cúpula de generais para apaziguá-los.

E por que ninguém responsabiliza os culpados de alto coturno? Porque, na prática, tanto o governo, quanto o Congresso e o STF sabem que as Forças Armadas reacionárias não são esse exemplo de forças democráticas que todos eles pintam; sabem que os generais da ativa são, sim, partidários de um novo regime político totalmente tutelado pelos generais e foram partícipes dos questionamentos às urnas; foram incendiários, provocadores, instigadores e, depois, foram coniventes com o 8 de janeiro. Essas Forças Armadas golpistas só não embarcaram no desfecho do golpe de Estado porque o amo do Norte, o imperialismo ianque, não o permitiu. O que será dessa “democracia” melindrada na hora que os ianques mudarem de ideia?

Portanto, “inabalada” não. Estamos diante de uma democracia senil, chefiada e defendida por “democratas” de meia pataca, valentes para governar contra o povo enganando-o com migalhas, mas covardes para enfrentar os generais golpistas.

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