O aumento de atentados políticos da extrema-direita é um alerta para as forças democráticas e populares. Apenas nas últimas semanas, vieram à tona notícias de atentados com incêndios contra uma área da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no Norte de Minas, e um centro de formação do MST em PE; atentado a tiros contra a redação de um jornal de Rondônia (que não foi simpático aos cortes de rodovias), contra um restaurante, na capital Porto Velho, e ainda no mesmo estado o incêndio de carretas duma empresa, cujos proprietários se opõem aos bloqueios; dentre outros mais, como assalto com armas longas seguido de incêndio em praça de pedágio no MT, corte de rodovia com bombas incendiárias em SC, etc.
Essas ações, dentre todas as que ocorreram desde as eleições, são sempre realizadas por grupos de militares ou ex-militares, policiais ou ex-policiais, matadores a soldo do latifúndio ou dos “milicianos”, donos de estandes de tiros, CAC’s, vagabundos profissionais e trapaceiros moralistas à moda Bolsonaro, dentre outros organizados por “movimentos de direita” locais ou por relações profissionais, territoriais ou familiares; financiados por delinquentes bilionários, que se autodenominam “empresários bem-sucedidos” (como já apontam as investigações em curso).
Essa corja é a direção operativa de todas as mobilizações golpistas importantes, é o chorume da escória, bastante convencida de que os pobres e pretos devem viver similar ao lixo, desde que possa levar alguma vantagem; e igualmente convicta de que só um regime militar é salvação do País. Suas ações têm esse fito: golpear o povo organizado e intimidar os opositores, por um lado, e desestabilizar o regime para forçar os generais a uma “intervenção militar”, por outro.
Não deve haver misericórdia com esse lumpesinato politizado. Desferir-lhe golpes implacáveis onde quer que ouse intimidar as massas é a tarefa mínima dos revolucionários. Igualmente é urgente denunciar aos quatro ventos a generalada hipócrita e anticomunista, soldadesca de luxo dos ianques, que dá corda nos extremistas para tentar controlá-los, a fim usá-los para reforçar suas chantagens contra a direita liberal. O objetivo estratégico de médio prazo do Alto Comando é ser reconhecido, pelas demais instituições, como “Poder Moderador” e última voz da republiqueta; e sua meta é, com isso, impor restrição máxima de direitos e liberdades, e exploração máxima do povo e entrega da Nação ao imperialismo, principalmente ianque, com careta de “democracia liberal”.
Essa situação política do País é consequência da própria falência histórica e política da “nova” (velha) República inaugurada com um golpe de mão, em 1988. A falência desse regime político, por sua vez, era inevitável: surgiu da capitulação da esquerda frente aos gorilas do regime militar, que impuseram as “regras do jogo democrático”, e nunca foram punidos pelas torturas e execuções. Agora, esse regime é incapaz de resolver a crise de decomposição do capitalismo burocrático e de frear o desenvolvimento da situação revolucionária, dado o grau de desmoralização a que chegou frente as massas. Hoje, aquele pacto de classes é atacado pelos de baixo em suas mobilizações espontâneas e na luta revolucionária consciente, e fustigado pelos de cima com a extrema-direita e sua “intervenção militar já” e com os generais através do seu golpe de Estado “lento, gradual e seguro”.
Ademais, o ânimo golpista não seria tal não fossem os anos de histeria anticomunista e antipovo dessa direita liberal reacionária, inclusive os editorialistas e articulistas dos monopólios de imprensa, certos ministros de altas Cortes e os próprios oportunistas eleitoreiros com sua covardia ante a extrema-direita. Ainda hoje, clamam e laboram por leis penais de exceção contra o protesto popular e contra os pobres do campo e das grandes metrópoles. Em 2018, os “liberais” fizeram, quase todos, campanha aberta para Bolsonaro, fizeram loas às Forças Armadas e aos seus ensaios intervencionistas e, nos quatro anos seguintes, nada fizeram diante dos preparativos golpistas do seu presidente e das intromissões reacionárias de generais da ativa na vida política. E agora, vejam só, se fazem de perplexos com a “selvageria” bolsonarista e com a “falta de espírito democrático” das Forças Armadas, como se fossem os paladinos das liberdades e da democracia! Quem semeia vento, cavalheiros, colhe tempestade, e vossa colheita apenas começou.
Não é à toa que essa extrema-direita estabeleceu seu movimento de massas anticomunista. Ali há também gente do povo, iludida, que é arrastada pelos devaneios da extrema-direita. Isto porque tem que decidir, a cada pleito, sobre quem a engana melhor e que lhe sirva como vingança contra o enganador anterior; porque confia mais nos “disparos do Zap” do que nas instituições “democráticas” que, nos últimos 34 anos, foram muito competentes na arte de enganá-las enquanto as massacravam. Essas massas, educadas há décadas pela política oficial reacionária e pelo bombardeio midiático diuturno embrutecedor e de sofisticado anticomunismo, já há muito vêm sendo mobilizadas, politizadas e organizadas no anticomunismo pelas seitas fundamentalistas cristãs e se encaixaram como mão e luva na liderança bolsonarista ascendida com as eleições de 2018. Elas poderão ou não se libertar da escravidão ideológica fascista, mas a curto e médio prazos só se livrarão desse fardo tenebroso sob única condição: com o avanço da luta revolucionária, que demonstrará nos fatos a elas que o caminho para encontrar o que procuram não é o da reação golpista dos Bolsonaros ou generais. Já quanto aos anticomunistas obstinados, aqueles que acumulam dívida de sangue com o povo, o acerto de contas será de longo prazo.
Fato é que não há instituição dessa república falida ou governo de turno que possam deter essa ofensiva contrarrevolucionária preventiva dirigida pelos altos mandos militares e alimentada por essa extrema-direita bolsonarista. Nem há “salvador da pátria” que possa, eleito nesse sistema, eliminar as mazelas que pesam sobre o povo e a Nação ou assegurar as liberdades democráticas. Só o povo mobilizado e crescentemente organizado pode defender a democracia! Na luta renhida por seus mais básicos interesses e direitos, o povo construirá a nova democracia que assegure as liberdades, consolidando-as e ampliando-as. O povo só pode confiar na sua própria luta, munida da decisão irrevogável de não permitir que se lhe mantenha escravizado.